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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sigilo para a bandalheira

Leia o Editorial do Estado de S.Paulo

Se fosse permitido brincar com coisa séria, poderia se dizer que o governo ganhou a final de um campeonato com um gol de mão, em impedimento, depois dos acréscimos. É a comparação que ocorre diante da aprovação, tarde da noite de anteontem, do texto básico da Medida Provisória (MP) 527, que institui regras especiais para a realização de obras e serviços relacionados com a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. 

Ou, no jargão oficial, o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC). O texto afinal vitorioso foi apoiado por 272 deputados; outros 76 votaram contra e 3 se abstiveram.

Desde o ano passado, o Planalto vinha tentando driblar os dispositivos da Lei 8.666, que regulamenta as licitações oficiais, a pretexto de assegurar a modernização, a toque de caixa, da negligenciada infraestrutura nacional, para o País não passar vergonha nos dois maiores eventos esportivos do globo. Na quinta tentativa de legislar sobre a matéria no bojo de outras propostas, o governo terminou por alojá-la na MP que trata da criação da Secretaria de Aviação Civil.

A oposição insistiu, com bons motivos, para que o assunto fosse objeto de um projeto específico. Mas, determinado a mostrar força e serviço depois da paralisia provocada pelo escândalo Palocci, o Planalto deu as costas à alternativa.

Já para a base aliada não faltaram concessões. É o caso da inclusão de aeroportos em capitais a 350 quilômetros de uma sede da Copa no novo regime de obras. Originalmente, o tratamento especial se restringia às cidades-sede. 

Além disso, esses municípios poderão tomar empréstimos até 2013 sem levar em conta seu limite de endividamento. Mas isso ainda é detalhe perto das facilidades que compõem o RDC. 

A principal delas desobriga as empresas interessadas de apresentar o projeto básico da empreitada antes da licitação. A MP chama isso de "contratação integrada". O nome mais adequado seria "contratação no escuro".

O governo alega que as contratadas não poderão fazer aditivos para aumentar o preço que pediram no momento da concorrência. Mas não parece excluída a hipótese de o governo aumentar até quanto bem entender o valor de um contrato. 

Na Lei de Licitações, o teto varia de 25% (no caso de obras novas) a 50% (quando se tratar de reformas). 

Se assim é, uma porta se fecha enquanto outra se escancara. Mas o gol de placa da MP - gol contra o dever elementar do setor público de dizer sem subterfúgios o que faz com o dinheiro do contribuinte - é a cláusula que livra o governo de informar à sociedade quanto pretendia gastar com determinada obra ou serviço. É a desfaçatez do orçamento secreto.

Assim como o contratado não precisou fazer um projeto para vencer a licitação, o contratante (União, Estado ou município) poderá ocultar o valor que estava disposto a desembolsar. 

No limite, o País ficará sem saber se a Copa custou menos ou mais do que o previsto - e por quê. Na primeira versão desse verdadeiro habeas corpus preventivo para a bandalheira, o governo ainda aceitava que os órgãos fiscalizadores, como os Tribunais de Contas, poderiam exigir informações sobre as importâncias em jogo a qualquer momento - antes ou depois da licitação. E poderiam também divulgar os dados recebidos. O Planalto deve ter concluído, delubianamente, que "transparência assim já é burrice".

E, na undécima hora, baixou as persianas por completo. Os órgãos de controle não só perderam a prerrogativa de se manter informados em qualquer etapa da obra - o governo é que decidirá o que lhes repassar e quando -, como ainda ficarão proibidos de tornar pública a documentação obtida. 

Atribui-se à ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o argumento de que a Constituição admite o sigilo quando do interesse do Estado e da sociedade.

É tratar os brasileiros como um ajuntamento de pascácios. O único interesse que essa obscenidade preservará será o da corrupção. O sigilo impedirá um Tribunal de Contas de instruir um processo em casos suspeitos.

UNESCO adianta números sobre a situação da educação brasileira


O relatório apresenta progressos e desafios. Entre outros dados, o Brasil tem uma taxa de conclusão da educação primária e secundária superior à média dos países da América Latina e do Caribe. No entanto, a elevada taxa de repetência do país na primeira série da educação primária e outros números referentes ao progresso na aprendizagem, mostram que o desafio continua pendente na qualidade da educação.

No âmbito da Segunda Reunião da Mesa do Projeto Regional de Educação para a América Latina e o Caribe (doravante, EPT/PRELAC) a ser realizada no Rio de Janeiro no dia 25 de Novembro, a UNESCO apresentará, aos Ministros da Educação e representantes dos países participantes, o relatório Situação da Educação na América Latina e Caribe: Garantindo a Educação de Qualidade para Todos, que a Organização lançará, oficialmente, no início de 2011.

A reunião será conduzida pelo Sr. Qian Tang, Diretor Geral Adjunto de Educação da UNESCO, assistido por Jorge Sequeira, diretor do Escritório Regional de Educação da UNESCO para a América Latina e o Caribe (doravante OREALC/UNESCO-Santiago) e Vincent Defourny, Representante da UNESCO no Brasil. A reunião contará com a presença do ministro da Educação do Brasil, Fernando Haddad, além de representantes ministeriais dos outros seis países que conformam a mesa da EPT/PRELAC (Argentina, Trinidad e Tobago, Paraguai, República Dominicana, Costa Rica e Equador), bem como os ministros de educação do Mercosul, que acompanharão esta importante iniciativa regional na educação.

Brasil e a educação

Dados da UNESCO revelam a situação da educação no Brasil antes do lançamento agendado para inícios de 2011. Entre esses registros, são divulgadas boas notícias como, por exemplo, que as novas gerações no Brasil estão sendo mais alfabetizadas do que o total da população com 15 anos ou mais.

O relatório também descreve os desafios em relação à matrícula na educação pré-primária que em 2008 atingiu 50%. A média nos países da região foi de 65,3% esse ano.

Em relação à educação primária, o Brasil tem uma das maiores taxas de repetência da região no primeiro grau (24,5%). Isso é preocupante, pois aumenta a probabilidade do mau desempenho e de abandono escolar. Apesar deste número, em 2008 o Brasil teve uma taxa de conclusão de quase 95% entre as pessoas com idades entre 15 e 19 anos, 5% acima da média dos países latino-americanos e caribenhos, um índice alentador.

A reduzida taxa de escolaridade na educação pré-primária, juntamente com a alta repetência na primeira série, sugere que ambos indicadores poderiam estar associados, já que a deterioração da aprendizagem na primeira série aumentaria o índice de repetência. De acordo com o Segundo Estudo Regional Comparativo e Explicativo (SERCE) realizado pelo Laboratório Latino-Americano de Avaliação da Qualidade da Educação (LLECE), organizado pela UNESCO-Santiago, os alunos que tenham frequentado o ensino pré-primário têm maiores possibilidades de alcançar níveis mais elevados de desempenho de aprendizagem e, portanto, as medidas tomadas para incrementar a matrícula no ensino pré-primário poderiam aumentar a eficiência do sistema de educação e deveria, consequentemente, ser uma prioridade em termos de planejamento de políticas.

Da mesma forma, o elevado índice de conclusão da educação primária no Brasil (cerca de 95%) contrasta com as medições do desempenho escolar no estudo feito pelo SERCE, aplicado em 2006. Na sexta série, 15,5% dos estudantes brasileiros não atingiram um nível mínimo de habilidade em leitura e matemática. Por este motivo, é necessário fazer uma análise mais aprofundada para projetar intervenções que vão além da conclusão da educação primária, melhorando os resultados da aprendizagem.

Na educação secundária, o Brasil apresentou grandes melhorias entre 2000 e 2008. Neste último ano, a matrícula dos jovens em idade de frequentar a à escola secundária chegou a 81%, número acima da média dos países da região, que foi de 72,8%. Além disso, 55% das pessoas entre 20 e 24 anos teriam, realmente, concluído esta fase da educação, o que representa uma melhoria em relação às gerações anteriores. O Brasil está acima da média dos países da região para o mesmo período, que foi de 51% para esta mesma faixa etária.

Avaliação regional dos progressos na aprendizagem

No encontro no Rio de Janeiro, a UNESCO também irá informar os representantes do setor da educação dos países participantes sobre o progresso do plano de trabalho do Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo (TERCE), que tem acompanhado os progressos na aprendizagem dos estudantes na América Latina e no Caribe e que será implementada, em breve, em 16 países da região e no estado mexicano de Nuevo León.
Recentemente, o Brasil comprometeu-se a participar nessa avaliação regional do ensino, implementada pelo LLECE da OREALC/UNESCO-Santiago.

Livro didático do MEC tem erro de português

No Jornal da Tarde

"Nós pega o peixe" ou "os menino pega o peixe". Os erros gramaticais são apenas alguns encontrados no livro de língua portuguesa Por uma Vida Melhor, da Coleção Viver, Aprender – adotado pelo Ministério da Educação (MEC) e distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLD-EJA) a 484.195 alunos de 4.236 escolas.

Na avaliação dos autores do livro, o uso da língua popular, ainda que contendo erros, é válido. Os escritores também ressaltam que, caso deixem a norma culta, os alunos podem sofrer "preconceito linguístico".

Publicado pela Editora Global, o livro apresenta frases erradas e explicações para cada uma delas, como forma de ensinar a maneira correta de falar e escrever. "Você pode estar se perguntando: 'Mas eu posso falar 'os livro? Claro que pode. Mas fique atento, porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico", diz um dos trechos.

"Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas".

Correto e adequado 

Em nota divulgada pelo Ministério da Educação, a autora Heloisa Ramos justifica o conteúdo da obra. "O importante é chamar a atenção para o fato de que a ideia de correto e incorreto no uso da língua deve ser substituída pela ideia de uso da língua adequado e inadequado, dependendo da situação comunicativa".

"Como se aprende isso? Observando, analisando, refletindo e praticando a língua em diferentes situações de comunicação", acrescenta a autora em seu texto.

Heloisa também afirma que o livro tem como fundamento os "documentos do MEC para o ensino fundamental regular e Educação de Jovens e Adultos(EJA)". Segundo ela, a obra leva em consideração as matrizes que estruturam o Exame Nacional de Certificação de Jovens e Adultos (Encceja).

Procurada pela reportagem, a Editora Global informou, por intermédio de sua assessoria, que é a responsável pela comercialização e pela produção do livro, mas não pelo seu conteúdo.

Comento: É lúdico ou adequado? Não. É trágico mesmo. Anorma culta é o padrão de correção nos vestibulares. Onde estes alunos podem trabalhar escrevendo desta forma? 
Para evitar o preconceito, o ensino correto da Língua Portuguesa é o caminho da lógica!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Professor revitaliza escola e reduz crime de bairro do interior



A escola fica em Arapoanga, um dos bairros mais violentos de Planaltina, a 40 quilômetros de Brasília. Quando assumiu a direção, o professor Jordenes encontrou o caos.

A escola pública com as melhores notas do Distrito Federal. “A nossa escola alcançou já em 2010 o que o MEC estipulou para que alcançássemos em 2014”, revela o professor Jordenes da Silva.

Quem vê o povo reunido na maior tranquilidade não imagina o terror de dez anos atrás. “As pessoas tinham medo de botar os filhos na escola. Ela vivia, essencialmente, a condição de insegurança do bairro”, lembra o professor.

A escola fica em Arapoanga, um dos bairros mais violentos de Planaltina, a 40 quilômetros de Brasília. Quando assumiu a direção, o professor Jordenes encontrou o caos.

“Era desrespeito com os professores e servidores, e destruição do patrimônio da escola”, conta.

A primeira providência do novo diretor foi chamar a polícia. Em um só dia, 75 prisões; 25 camburões da PM saíram lotados da escola.

“Foragidos da Justiça, pessoas com mandado de prisão e que usavam a escola para ter acesso aos adolescentes e alunos”, diz.

É claro que depois vieram as ameaças de morte, mas o professor Jordenes estava determinado a fazer a escola funcionar. Uma ideia fixa que talvez tenha começado muitos anos antes de tanto ouvir o pai repetir o velho ditado: “Feliz do homem que é escravo de uma grande ideia”.

“Eu resolvi me tornar escravo de uma grande ideia: formar meus filhos”, diz Juverci da Silva, pai de Jordenes.

Quando juntou a tralha da família e deixou o interior de Minas em direção a Planaltina, Juverci já sabia o que fazer. “Procurei uma escola, matriculei os filhos, comprei uma carroça, um cavalo e fui para a rua”.

Um carroceiro e uma empregada doméstica semianalfabetos tomavam as lições dos filhos com obstinação.

“Vocês aprendem a tabuada, porque, se souberem de cor, vocês vão conseguir a matemática de vocês”, ensina a mãe Jurandy da Silva.

O filho mais velho virou doutor com três diplomas: biologia, administração e direito. Por isso, ele acredita na força da educação. E mesmo no bairro cinzento e pobre, quer seus alunos estudando na sombra de um jardim florido.

“Esse impacto traz ao aluno a certeza de que chegou a um lugar especial”, acredita Jordenes.

Tão especial que tem musica clássica em vez de sirene. “O ambiente é calmo e tranquilo, mas é vivo, porque a música também traz essa vivacidade. A sirene, não”, acrescenta.

Há espelhos por todos os lados. “A imagem te dá o referencial de como você se contextualiza, o que você faz aqui na escola. Quando colocamos as barras de espelho, os alunos começaram a olhar primeiro para si. Isso deu um choque de autoestima”, explica o professor.

Ele não tem vergonha de pedir. Com a embaixada do Japão, conseguiu uma tela interativa. Foi a primeira escola do Brasil a ter essa ferramenta.

“Só o Fantástico, da Rede Globo, e nós tínhamos esse quadro quando ele chegou nessa escola. Só que de lá para cá a nossa evasão escolar caiu 35%.”

É fácil entende o porquê. “É muito melhor, porque a gente tira parte do conteúdo maçante que a gente só aprende no quadro branco”, opina Gualter Sobrinho, de 13 anos.

O fascínio dos alunos com a tecnologia é canalizado para as microaulas no blog da escola, que já tem 60 mil acessos.

“Tendo uma dúvida, ele passa um e-mail, que é entregue para o professor da matéria, que sana a dúvida”, aponta Jordenes.

Em uma comunidade tão pobre, por que não empregar gente da região? “Começamos a trazer para trabalhar na limpeza da escola moradores do bairro. Nesse momento em que estamos conversando, o responsável pela segurança da escola é pai de uma aluna da oitava série”.

Em dez anos, muita gente já mudou de vida. O professor Uarlen Dias foi aluno de Jordenes. Está de volta como professor para ensinar em outro contexto.

“Do lado de cá era a quarta série e do outro lado a quinta. O que dividia era uma madeira no meio. Eu vi isso mudando”, diz Uarlen.

Ex-alunos dificilmente perdem o vínculo com a escola. “Esse telhado é um presente de Sandro, da seleção brasileira. Nosso ex-aluno”, mostra Jordenes.

Da Inglaterra, onde mora, o volante Sandro, do Tottenham e da seleção brasileira, diz que o bairro de Arapoanga mudou por causa da escola.

“É um bairro hoje está muito melhor, conseguindo tirar mais a criminalidade e drogas das ruas. Hoje em dia está uma maravilha”, elogia Sandro.

Receitar educação contra a violência é um remédio de eficiência comprovada até pelo juiz de Planaltina, Ademar Vasconcelos.

“Tínhamos, no final dos anos 1990, uma média de quase um homicídio por dia. Isso diminuiu, assim como o tráfico de drogas”, garante o juiz.

Para Jordenes, o que existe no local é uma competição que ele está determinado a vencer. 

“O traficante oferece a moto, o dinheiro, o tênis, o celular. Eu não posso oferecer isso. O que eu ofereço é uma possibilidade. Só que eu ganho essa luta. Eu ofereço ao aluno a possibilidade de sonhar. Eu tenho 1.243 alunos. A minha história prova para cada um deles que a educação dá certo, porque ela transformou a minha vida, e pode transformar a deles também”, conclui. 

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Porquê essas diferenças?

Em qualquer âmbito profissional, é fácil ver como há pessoas que sobressaem pela sua perseverança e dedicação ao trabalho, e isso faz com que superem outros colegas que possuem uma capacidade intelectual bastante mais elevada. Porque sucede isto? Porque é que uns conseguem manter esse esforço durante anos e outros não, ainda que o desejem?

Quase todas as pessoas desejariam chegar a uma situação profissional mais elevada, e a maioria delas tem talento pessoal que sobra para o conseguir. Porque é que uns conseguem transformar esse desejo numa motivação diária que os faz vencer a inércia da vida, e outros, pelo contrário, não?

Porque é que há crianças que estudam constantemente sem que pareça custar-lhes muito, e outros, pelo contrário, não há maneira de o fazerem, ainda que os castiguem, e que se lhes fale claramente, serenamente, das consequências que a sua preguiça lhes vai trazer?

Parece claro que estamos a falar de algo que não é questão de coeficiente intelectual:

É fácil verificar que as pessoas mais esforçadas e motivadas não coincidem com as de maior coeficiente intelectual.

Há pessoas inteligentíssimas que são muito preguiçosas, e há pessoas de muito poucas luzes que mostram uma perseverança admirável. Porquê?

- Será uma questão de força de vontade, suponho eu.

Sim, mas falta uma motivação para pôr em andamento a vontade. Como assinalou o Senador Enrique Rojas, a partir da indiferença não se pode cultivar a vontade. Para se ser capaz de superar as dificuldades e os cansaços próprios da vida, é preciso ver cada meta como algo de grande e positivo que podemos e devemos conseguir. Por isso, nas pessoas motivadas sempre há “alguma coisa” que lhes permite obter satisfação onde os outros não a encontram; ou alguma coisa que lhes permite adiar essa satisfação (a maioria das vezes a motivação implica um adiamento, pois supõe sacrificar-se agora com o fim de conseguir mais tarde algo que consideramos mais valioso).

Parece claro que nas pessoas motivadas há toda uma série de sentimentos e factores emocionais que reforçam o seu entusiasmo e a sua persistência perante os contratempos normais da vida.

Mas sabemos também que os sentimentos nem sempre se podem produzir directa e livremente. A alegria e a tristeza não se podem motivar da mesma maneira que fazemos um acto de vontade. São sentimentos que não podemos governar como governamos, por exemplo, os movimentos dos braços. Podemos influenciar a alegria ou a tristeza, mas apenas de maneira indirecta, preparando-lhes o terreno no nosso interior, estimulando ou repelindo as respostas afectivas que vão surgindo espontaneamente no nosso coração.

sentimento da própria eficácia


A fé de uma pessoa nas suas próprias capacidades tem um surpreendente efeito multiplicador sobre essas mesmas capacidades.

Aqueles que se sentem eficazes recuperam mais depressa dos fracassos, não se perturbam demasiado pelo facto de que as coisas possam correr mal; pelo contrário, fazem-nas o melhor que podem e procuram a maneira de as fazer ainda melhor na vez seguinte. O sentimento da própria eficácia tem um grande valor estimulante, e vai acompanhado por um sentimento de segurança que alenta e conduz à ação.

E não é um sentimento um pouco altivo?

É certo que pode viver-se na sua versão arrogante, envolvido numa atitude de certo desprezo, ou até de temeridade. É verdade que há pessoas que parece que só estão contente, se conseguirem dominar os outros (e a essas pessoas o sentimento da sua própria eficácia pode levá-las a comportamentos hostis ou agressivos).

Mas não são essas as atitudes a que nos referimos agora. Felizmente, a busca do sentimento da própria eficácia não tem que conduzir a um desejo de dominação dos outros. Tem outras versões mais construtivas, que levam a sentir-se dono de si mesmo, possuidor de qualidades que – como sucede com todas as pessoas – são irrepetíveis, a ver-se capaz de controlar a própria formação e o próprio comportamento.

Como explicou José António Marina, os sentimentos fazem-nos a nós mesmos; são uma maneira de avaliar a nossa eficácia pessoal, a nossa capacidade para realizar tarefas e enfrentar os problemas; não são sentimentos maus, apenas intervêm como ingrediente decisivo em outros muitos sentimentos pessoais, sobretudo no que se refere á nossa relação com os demais.

Nós, as pessoas, temos uma profunda capacidade de dirigir a nossa própria conduta. Prevemos as consequências do que fazemos, propomo-nos metas e fazemos valorizações sobre nós mesmos. E tudo isso pode ser estimulante ou paralizante, positivo ou negativo, construtivo ou autodestrutivo. A nossa inteligência será impulsionada ou perturbada por esses sentimentos, que constituem um campo de forças, animadoras ou depressivas, entre as quais há que abrir caminho a um comportamento inteligente.

- Por que dizes abrir caminho?

Porque há bastante diferença entre dispor de uma determinada capacidade e ser capaz de chegar a utilizá-la. Por essa razão, pessoas distintas com recursos semelhantes – ou a mesma pessoa em distintas ocasiões – podem ter um rendimento muito diferente.

O dia-a-dia requer uma contínua improvisação de habilidades que permitirão abrir caminho entre as diversas circunstâncias que se nos deparam, tantas vezes ambíguas, imprevisíveis e stressantes. Cada um lhes responde com sentimentos distintos, que o levam a uma retirada ou à constância, dependendo da ansiedade que produzam e da sua capacidade para a suportar.

As pessoas temem – e por isso tentam evitá-las – aquelas situações que consideram acima das suas capacidades, e escolhem aquelas que são mais capazes de manejar. Por isso, a ideia que temos de nós mesmos condiciona em grande parte as nossas ações.

Por exemplo, aqueles que se consideram pouco afortunados na sua relação com os outros, os que se menosprezam na sua capacidade de ganhar a amizade dos outros, ou as suas possibilidades de encarar o noivado, têm tendência para exagerar a gravidade tanto das suas próprias deficiências como das dificuldades exteriores que se lhes apresentam. E essa autopercepção de ineficácia ou incapacidade costuma ir acompanhada por um aumento daquilo a que poderíamos chamar medo antecipado, que facilita, por sua vez, o fracasso. Pelo contrário, quando o sentimento da própria eficácia é alto, o medo do fracasso diminui, e com ele as possibilidades reais de fracassar.

A imagem reflete


A imagem que cada um tem de si mesmo é, em grande parte, reflexo daquilo que os outros pensam sobre nós; ou, melhor dizendo, a imagem que cada um tem de si mesmo é em grande parte o que queremos que os outros pensem sobre nós.

Não podemos esquecer-nos, além disso, de que a imagem que alguém tem de si mesmo é uma componente real da sua personalidade, e que regula em boa parte o acesso à sua própria energia interior. E, em muitos casos, não só permite o acesso a essa energia, como inclusivamente cria essa energia.

Como pode a imagem de si mesmo criar energia interior?

É um fenómeno que pode observar-se claramente, por exemplo, nos desportos. Os treinadores sabem bem que, em determinadas situações anímicas, os seus atletas rendem menos. Quando uma pessoa sofre um fracasso, ou se encontra perante um ambiente hostil, é fácil que se sinta desanimado, desvitalizado, com falta de energia.

Quando uma equipa de futebol joga com entusiasmo, os jogadores desenvolvem-se de uma forma surpreendente. Também isso acontece com os corredores de fundo, os ciclistas: podem estar no limite da sua resistência pelo cansaço de uma grande corrida, mas a aclamação do público ao dobrar uma curva parece pôr-lhes asas nos pés.

A nossa energia interior não é um valor constante, mas depende muito do que pensamos de nós mesmos. Se me considerar incapaz de fazer algo, será extraordinariamente difícil que o faça, se é que chego a fazê-lo.

Além disso, o caminho do desânimo tem também o seu poder de sedução, porque o derrotismo e o vitimismo se apresentam para muitas pessoas como algo realmente tentador.

A própria imagem tem um efeito decisivo na sua própria energia interior.

E nisto também se adquire um hábito: o tom vital optimista ou pessimista, o ângulo favorável ou desfavorável com que vemos a nossa realidade pessoal, também é algo que em grande parte se aprende, algo em que qualquer pessoa pode adquirir um hábito positivo ou negativo.

- E isto de pensar tanto na própria imagem não é um pouco narcisista?

O narcisista sofre porque não se ama a si mesmo, mas sim a toda a sua imagem, e dela acaba por ser um autêntico escravo. No momento de escolher entre si mesmo e a sua imagem, acaba na prática preferindo a sua imagem. E essa é a causa das suas angústias: uma atenção exagerada à sua figura tem como consequência uma falta de identificação e garantia em si mesmo.

Otimismo: O grande motivador


Matt Biondi, estrela da equipa de natação dos Estados Unidos nas Olimpíadas de 1988, Tinha muitas esperanças de igualar a proeza de Mark Spitz em 1972: ganhar sete medalhas de ouro.

No entanto, Biondi ficou em terceiro lugar na primeira das suas provas, os 200 metros livres; e na prova seguinte, os 100 metros mariposa, foi de novo desterrado para um segundo lugar no sprint final.

Os comentadores desportivos predisseram que aqueles fracassos desanimariam Biondi, que tinha partido como favorito em ambas as provas. Porém, e contra todas as expectativas, a sua reacção não foi de desânimo, mas sim de superação, pois ganhou a medalha de ouro nas cinco provas restantes.

O optimismo é uma atitude que impede de cair na apatia, no desespero e tristeza perante as adversidades. Como assinalou Martin Seligman, o optimismo (um optimismo realista, compreenda-se, porque um optimismo ingénuo pode ser desastroso) influencia a forma como as pessoas explicam a si mesmas os seus êxitos e os seus fracassos.

Os optimistas têm tendência a considerar que os seus fracassos se devem a algo que pode mudar, e por isso é mais fácil que na ocasião seguinte lhes saiam melhor as coisas.

Em contrapartida, os pessimistas atribuem os seus fracassos a obstáculos que se consideram incapazes de modificar.

Por exemplo, ante um insucesso, ou uma paragem laboral, os optimistas tendem a responder de forma activa e esperançada, procurando ajuda e conselho, vendo a boa direcção, procurando remover os obstáculos; os pessimistas, pelo contrário, consideram logo esses contratempos como algo quase irremediável, e reagem pensando que quase nada podem fazer para que as coisas melhorem, e não fazem quase nada. Para o pessimista, as adversidades quase sempre se devem a alguma deficiência pessoal insuperável ou a alguma conspiração egoísta e má dos outros.

A questão chave é que se vá em frente quando as coisas se mostram frustrantes. O optimismo é muito importante na vida de qualquer pessoa; e na tarefa de educar poder-se-ia dizer que é imprescindível, pois a educação, de certa forma, pressupõe o optimismo, pois educar é crer firmemente na capacidade de o homem melhorar os outros e de se melhorar a si mesmo.

Estilos Pessimistas e estilos Otimistas


Há na actualidade indícios claros de que a predisposição para a depressão está a aumentar de modo preocupante entre os jovens. A tendência patológica para a autocompaixão, o abatimento e a melancolia aparecem cada vez com maior frequência e em idades mais jovens.

Se bem que a tendência para a depressão tenha uma origem parcialmente genética, esta é potenciada por hábitos mentais pessimistas que, quando se dão, predispõem quem sofre deles a sentir-se abatido ante os pequenos contratempos da vida (problemas escolares, falta de entendimento com os pais, dificuldades nas suas relações sociais, etc. ). O que resulta mais revelador é que muitas das pessoas com tendência para a depressão estavam profundamente dominadas por hábitos mentais pessimistas antes de cair nela, e isto faz pensar que lutar contra esses hábitos é uma boa maneira de prevenir.

Todos nós sofremos de fracassos que momentaneamente nos submergem numa situação de impotência ou desmoralização. Porque é que umas pessoas saem prontamente dessa situação, enquanto outras ficam fechadas nela como numa armadilha?

Cada pessoa tem uma maneira para explicar e enfrentar os acontecimentos que a afectam. As pessoas pessimistas tendem a explicar os sucessos desagradáveis com razões de tipo pessoal (é culpa minha), com caráter permanente (há-de ser sempre assim) e projectando de forma expansiva sobre o futuro (isto vai arruinar a minha vida completamente). Com essa atitude, a sensação de fracasso já não é algo do passado e do presente, mas converte-se numa negra antecipação do futuro: tudo vai ser assim, por minha culpa e para sempre.

As pessoas optimistas são totalmente opostas: há coisas que não dependem de mim, as más situações não vão durar sempre, nem ocupam toda a vida, apenas uma pequena parte dela.

Que se pode fazer para passar de um estilo pessimista para um otimista?

Não é uma pergunta simples, se bem que talvez a chave esteja em aprender a mudar um pouco a maneira de pensar, o estilo com que explicamos as coisas que nos afectam e a atribuição das causas do que nos sucede. Como dizia J. Escrivá de Balaguer, “não chegarás a conclusões pessimistas se te aperfeiçoares”.

- E pensas que esses estilos são de nascimento?

Se bem que sempre haja uma determinação genética dessa propensão optimista ou pessimista, influencia de modo decisivo a aprendizagem pessoal, e desde tenras idades. Por exemplo, um menino de sete anos terá uma maneira muito pessoal de explicar as coisas que lhe sucedem. Antes dessa idade, os meninos são sempre optimistas, razão pela qual não há depressões nem suicídios nos meninos mais pequenos (houve meninos de cinco anos que cometeram assassinatos, mas nunca atentaram contra a sua própria vida).

- E o que é que determina essa forma de enfrentar as coisas?

Sobretudo, a maneira como os pais explicam cada coisa que sucede. Um menino ouve continuamente comentários sobre os acontecimentos da vida diária. As suas antenas estão sempre desdobradas, e sente um inesgotável interesse em encontrar explicações para as coisas. Busca com insistência os porquês. O pessimismo e o optimismo dos pais e irmãos é recebido pelo menino como se fosse a própria estrutura da realidade.

Outro elemento decisivo é a maneira como os adultos – pais, outros familiares, os seus professores, a criada, etc. – valorizam ou criticam o comportamento das crianças. As crianças fixam muito, e não só o conteúdo da censura, mas também a forma como é feita.

Por exemplo, é muito diferente se as reprimendas ou censuras se baseiam em causas permanentes ou em questões conjunturais. Se a um menino ou a uma menina se disse: “Disseste uma mentira”, “Não estás a tomar atenção”, “Estudaste pouco para este teste de Matemática”, ou frases semelhantes, recebê-las-á como observações baseadas em descuidos ocasionais e específicos que pode superar.

Em contrapartida, se se lhe disser habitualmente: “És um mentiroso”, “Estás sempre distraída”, “És muito má a matemática”, etc., o menino ou a menina entenderá isso como algo permanente nele, e muito difícil de evitar.

A forma de educar

Dificulta ou favorece

A motivação

O mundo emocional de cada um dificulta ou favorece a sua capacidade de pensar, de sobrepor-se aos problemas, de manter com constância alguns objectivos. Por isso, a educação dos sentimentos estabelece um limite da capacidade de fazer render os talentos de cada um.

(Alfonso Aguilló) – tradução, para a Aldeia, de Ana Palma

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

MINHA ÁRVORE DE AMIGOS

Existem pessoas em nossas vidas que nos fazem felizes pela simples casualidade de haverem cruzado nosso caminho...
Algumas percorrem o caminho ao nosso lado, vendo muitas luas passar, já outras, vemos apenas entre um passo e outro…
A todas chamamos de amigos… mas há muitos tipos deles…
Cada folha de uma árvore simboliza um deles...
O primeiro que nasce é o broto de nossos pais...
Nos mostram o que é a vida...
Depois vem os amigos irmãos, os filhos, com quem dividimos nosso espaço para que possam florescer como nós…
Passamos então a conhecer toda a família de folhas a quem respeitamos e a quem queremos bem...
Mas o destino nos apresenta a outros amigos, os quais não sabíamos que iriam cruzar em nosso caminho...
Muitos deles denominamos “amigos de alma, de coração”… são sinceros e verdadeiros…
Sabem quando estamos bem, sabem o que nos deixa felizes...
Esse dá brilho aos nossos olhos, música aos nossos lábios, chão aos nossos pés...
Mas também têm aqueles amigos só por um tempo, talvez por umas férias, ou uns dias, umas horas...
Eles também costumam colocar muitos sorrisos em nossas faces, durante o tempo em que estamos juntos...
Não podemos esquecer-nos dos amigos distantes…
Aqueles que estão nas pontas dos ramos da árvore, que quando o vento sopra sempre aparecem entre uma folha e outra…
O tempo passa, o verão se vai e o outono se aproxima...
Então perdemos algumas de nossas folhas...
Algumas nascem em outro verão, outras permanecem por muitas estações...
Mas o que nos deixa mais felizes, são aquelas folhas que caíram mas continuam a nossa volta, alimentando nossa raiz com muita alegria...
... Com recordações de momentos maravilhosos do tempo em que cruzaram nosso caminho...
Por isso, te desejo, folha da minha árvore: Paz, amor, saúde, sorte e prosperidade. 
Hoje e sempre!
Simplesmente porque cada pessoa que passa em nossa vida é única...
Sempre deixa um pouco de si conosco e leva um pouco de nós...
Esta é a maior responsabilidade da nossa vida, a prova evidente de que duas almas não se encontram por casualidade!
Desejo a você que cruzou meu caminho e que comigo deixou um pouco de si, uma vida cheia de bênçãos, de alegrias e de amigos.

Amigos pais...
Amigos filhos...
Amigos irmãos...
Amigos presentes...
Amigos ausentes...
Amigos... Amigos...

Muita Paz!

A paz que trago hoje em meu peito é diferente da paz que eu sonhei um dia...

Quando se é jovem ou imaturo, imagina-se que ter paz é poder fazer o que se quer, repousar, ficar em silêncio e jamais enfrentar uma contradição ou uma decepção.

Todavia, o tempo vai nos mostrando que a paz é resultado do entendimento de algumas lições importantes que  a vida nos oferece.

A paz está no dinamismo da vida, no trabalho, na esperança, na confiança e na fé...

Ter paz é ter a consciência tranqüila, é ter certeza de que se fez o melhor ou, pelo menos, tentou...

Ter paz é assumir responsabilidades e cumpri-las, é ter serenidade nos momentos mais difíceis da vida.

Ter paz é ter um coração que ama...

Ter paz é ter ouvidos que ouvem, olhos que vêem e boca que diz palavras que constroem.

Ter paz é brincar com as crianças, voar com os passarinhos...

Ouvir o riacho que desliza sobre as pedras e embala os ramos verdes que em suas águas se espreguiçam...

Ter paz é não querer que os outros se modifiquem para nos agradar, é respeitar as opiniões contrárias, é esquecer as ofensas.

Ter paz é aprender com os próprios erros, é dizer não quando é não que se quer dizer...

Ter paz é ter coragem de chorar ou de sorrir quando se tem vontade...

É ter forças para voltar atrás, pedir perdão, refazer o caminho, agradecer...

Ter paz é admitir a própria imperfeição e reconhecer os medos, as fraquezas, as carências...

A paz que hoje trago em meu peito é a tranqüilidade de aceitar os outros como são, e a disposição para mudar as próprias imperfeições.

É a humildade para reconhecer que não sei tudo e aprender até com os insetos...

É a vontade de dividir o pouco que tenho e não me aprisionar ao que não possuo.

É admitir que nem sempre tenho razão e, mesmo que tenha, não brigar por ela.

É melhorar o que está ao meu alcance, aceitar o que não pode ser mudado e ter lucidez para distinguir uma coisa da outra.

A paz que hoje trago em meu peito é a confiança em Deus, que criou e governa o mundo...

A certeza da vida futura e a convicção de que receberei das leis soberanas da vida, o que a elas tiver oferecido.

Às vezes, para manter a paz que hoje mora em teu peito, é preciso usar um poderoso aliado chamado SILÊNCIO.

Lembra-te de usar o silêncio quando ouvir palavras infelizes.

Quando alguém está irritado.
Quando a maledicência te procura.
Quando a ofensa te golpeia.
Quando alguém se encoleriza.
Quando a crítica te fere.
Quando escutas uma calúnia.
Quando a ignorância te acusa.
Quando o orgulho te humilha.
Quando a vaidade te provoca.

O silêncio é a gentileza do perdão que se cala e espera o tempo; por isso é uma poderosa ferramenta para construir e manter a paz.

Que Deus do seu coração te ilumine, hoje e sempre.

Atritos

Ninguém muda ninguém; ninguém muda sozinho; nós mudamos nos encontros.
Simples, mas profundo, preciso.
É nos relacionamentos que nos transformamos.

Somos transformados a partir dos encontros, desde que estejamos abertos e livres para sermos impactados pela idéia e  sentimento do outro.

Você já viu a diferença que há entre as pedras que estão na nascente de um rio, e as pedras que estão em sua foz?
As pedras na nascente são toscas, pontiagudas, cheias de arestas.

À medida que elas vão sendo carregadas pelo rio, sofrendo a ação da água e se atritando com as outras pedras, ao longo de muitos anos, elas vão sendo polidas, desbastadas.

Assim também agem nossos contatos humanos. Sem eles, a vida seria monótona, árida.
A observação mais importante é constatar que não existem sentimentos, bons ou ruins, sem a existência do outro, sem o seu contato.

Passar pela vida sem se permitir um relacionamento próximo com o outro, é não crescer, não evoluir, não se transformar.

É começar e terminar a existência com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa.
Quando olho para trás, vejo que hoje carrego em meu ser várias marcas de pessoas extremamente importantes.

Pessoas que, no contato com elas, me permitiram ir dando forma ao que sou,
eliminando arestas, transformando-me em alguém melhor, mais suave, mais harmônico, mais integrado.

Outras, sem dúvida, com suas ações e palavras me criaram novas arestas, que precisaram ser desbastadas.

Faz parte...
Reveses momentâneos servem para o crescimento.
A isso chamamos experiência.
Penso que existe algo mais profundo, ainda nessa análise.
Começamos a jornada da vida como grandes pedras, cheias de excessos.

Os seres de grande valor percebem que ao final da vida, foram perdendo todos os excessos que formavam suas arestas, se aproximando cada vez mais de sua essência, e ficando cada vez menores, menores, menores...

Quando finalmente aceitamos que somos pequenos, ínfimos, dada a compreensão da existência e importância do outro, e principalmente da grandeza de DEUS, é que finalmente nos tornamos grandes em valor.

Já viu o tamanho do diamante polido, lapidado?
Sabemos quanto se tira de excesso para chegar ao seu âmago.
É lá que está o verdadeiro valor...

Pois, DEUS fez a cada um de nós com um âmago bem forte e muito parecido com o diamante bruto, constituído de muitos elementos, mas essencialmente de AMOR.

DEUS deu a cada um de nós essa capacidade, a de AMAR...
Mas temos que aprender como.

Para chegarmos a esse âmago, temos que nos permitir, através dos relacionamentos, ir desbastando todos os excessos que nos impedem de usá-lo, de fazê-lo brilhar.

Por muito tempo em minha vida acreditei que amar significava evitar sentimentos ruins.
Não entendia que ferir e ser ferido, ter e provocar raiva, ignorar e ser ignorado faz parte da construção do aprendizado do amor.

Não compreendia que se aprende a amar sentindo todos esses sentimentos contraditórios e... os superando.
Ora, esses sentimentos simplesmente não ocorrem se não houver envolvimento... 
E envolvimento gera atrito.

Minha palavra final: ATRITE-SE!
Não existe outra forma de descobrir o AMOR. E sem ele a VIDA não tem significado.

LIDERANÇA

Se você quiser liderar, deve antes de tudo, SERVIR!
Lembro-me, quando criança, a total admiração que tinha pelo meu pai.
Durante toda a minha infância aprendi princípios, valores e ensinamentos que me transformaram na pessoa que sou.
Durante muito tempo, não entendia ou não aceitava sua autoridade.
Pensava que para conquistar tudo que queria, bastava trilhar e construir meu próprio caminho...
Mesmo assim, olhava para aquele homem e pensava: “Um dia, vou ser como você!”
Aos poucos, fui entendendo que toda aquela autoridade e respeito,
resumiam-se em um único ensinamento: A sabedoria de sua liderança! 
Simplesmente o melhor!
Essa foi minha grande descoberta...
Durante toda a minha vida, meu pai desafiou-me a seguir seus passos, sua trajetória e seu modelo de liderança...
Hoje, percebo que meu pai foi à maior autoridade em minha vida.
Alguém por quem eu faria qualquer coisa, pois sua influência foi totalmente natural...
Sua autoridade nunca foi imposição, mas a base para a minha existência!
Hoje, percebo que a grande maioria gerencia coisas, e não, pessoas...
Pois, liderar é fazer com que as coisas sejam feitas através das pessoas...
E para isso, precisamos de um atributo essencial: A construção de relacionamentos!
Há uma grande diferença entre poder e autoridade.
Quem exerce poder, pode ser muito duro em seus relacionamentos.
Mas quem exerce autoridade, desenvolve seguidores!
Para ser simplesmente o melhor...
Você deve aprender a servir!
Quando amamos os outros e nos doamos a eles, estamos construindo a verdadeira autoridade!
E quando tivermos construído a verdadeira autoridade, só então, poderemos ser chamados líderes!
Pois o poder corrói os relacionamentos...
A autoridade diz respeito a como você é como pessoa e a sua verdadeira sabedoria!
Líder é alguém que tem seguidores.
E liderança é o resultado de nossa influência!
Para influenciar, você precisa de um único detalhe:
Apenas um único detalhe, que faz toda diferença:
Um propósito de vida!

Para todos os amigos...

Vocês que são esses AMIGOS tão especiais.

ORAÇÃO DO AMIGO
Gabriel Chalita

Há muito se diz que, quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro precioso.
Há muito se diz que amizade verdadeira dura pra sempre.
Não tem aquelas tempestades da paixão e nem a calmaria exagerada do descompromisso. É o meio termo.
É a bonita sensação do estar perto e, de repente, deixar o silêncio chegar. 
Não exige tanto. Exige tudo.
As amizades nascem do acaso. Ou de alguma força que faz com que uma simples brincadeira, uma informação, um caderno emprestado, uma dor seja capaz de unir duas pessoas. E a cumplicidade vai ganhando corpo, e o desejo de estar junto vai aumentando, e, com ele, a sensação sempre boa do poder partilhar, de se doar.
Há muito se diz que os amigos verdadeiros são aqueles que se fazem presentes nos momentos mais difíceis da vida, naqueles momentos em que a dor parece querer superar o desejo de viver. 
De fato, os amigos são necessários nesses momentos. Mas, talvez, a amizade maior seja aquela em que o amigo seja capaz de estar ao lado do outro nos momentos de glória, e vibrar com essa glória. Não ter inveja. Não querer destruir o troféu conquistado. Aplaudir e se fazer presente. Ser presente.
A amizade não obedece à ordem da proporcionalidade do merecimento. Não há sentido em querer de volta tudo o que com generosidade se distribuiu. A cobrança esmaga o espontâneo da amizade. E a surpresa alimenta o desejo de estar junto.
O amigo gosta de surpreender o outro com pequenos gestos. Coisas aqui e ali que roubam um sorriso, um abraço, um suspiro. E tudo puro, e tudo lindo.
Há muito se diz que não é possível viver sozinho. A jornada é penosa e, sem amparo, é difícil caminhar.
Juntos, os pássaros voam com mais tranqüilidade.
Juntas, as gaivotas revezam a liderança para que nem uma delas se canse demais.
Juntos, é possível aos golfinhos comentarem a beleza de um oceano infinito.
Juntos, mulheres e homens partilham momentos inesquecíveis de uma natureza que não se cansa de surpreender.
Eu te peço, Senhor, nessa singela oração, que me dês a graça de ser fiel aos meus amigos. São poucos. E impossível seria que fossem muitos. São poucos, mas são preciosos. Eu te peço, Senhor, que me afastes do mal da inveja que traz consigo outros desvios. A fofoca. A terrível fofoca que humilha, que maltrata, que faz sofrer.
Eu te peço, Senhor, que o sucesso do outro me impulsione a construir o meu caminho, e que jamais eu tenha ânsia de querer atrapalhar a subida de meu amigo. Eu te peço, Senhor, a graça de ser leal. Que eu saiba ouvir sempre e saiba quando é necessário falar.
Senhor, sei que a regra de ouro da amizade consiste em não fazer ao amigo aquilo que eu não gostaria que ele me fizesse. E te peço que eu seja fiel a essa intenção. E sei que essa regra fará com que o que se diz há tanto tempo se realize na minha vida. Que eu tenha poucos amigos, mas amigos que permaneçam para sempre.
Não poderia ter muitos. Não teria tempo para cuidar de todos. E de amigo agente cuida. Amigo a gente acolhe, a gente ama.
Senhor, protege os meus amigos. Que, nessa linda jornada, consigamos conviver em harmonia. Que, nesse lindo espetáculo, possamos subir juntos ao palco. 
Sem protagonista. Ou melhor, que todos sejam protagonistas, e que todos percebam a importância de estar ali. No palco. Na vida.

Obrigado, Senhor, pelo dom de viver e de conviver.
Obrigado, Senhor, pelo dom de sentir e de manifestar o meu sentimento.
Obrigado, Senhor, pela capacidade de amar, que é abundante e é sem-fim.     
                            
Amém!

Curve-se diante da beleza da vida.

Respeite-a. Ame-a.
Cale a voz negativa. Renda sua homenagem ao Criador de tudo. Ele merece.
Um poder infinito, um amor sem fronteiras, tudo fez. 
Imagine-se dentro desse contexto maravilhoso.
Vibre com a vida. Dobre-se diante da grande beleza.
O deslumbrante espetáculo da vida é construído pelo mesmo Deus que habita em você. Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano, ele treme de medo.
Olha para trás, para toda a jornada: os cumes, as montanhas, o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê a sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre.
Mas não há outra maneira.
O rio não pode voltar.
Ninguém pode voltar.
Voltar é impossível na existência.
Você pode apenas ir em frente.
O rio precisa se arriscar e entrar no oceano.
E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece, porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano. Mas tornar-se oceano.
Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento.
Assim somos nós. Voltar é impossível na existência. 
Você pode ir em frente e se arriscar. Coragem! 
Torne-se OCEANO!

Osho

Ceder

Por que será que nos lamentamos tanto quando nos decepcionamos, perdemos e erramos?
O mundo não acaba quando nos enganamos; ele muda, talvez, de direção. 
Mas precisamos tirar partido dos nossos erros. Por que tudo teria que ser correto, coerente, sem falhas? As quedas fazem parte da vida e do nosso aprendizado dela.

Que dói, dói. Ah! Isso não posso negar! Dói no orgulho, principalmente. E quanto mais gente envolvida, mais nosso orgulho dói. Portanto, o humilhante não é cair, mas permanecer no chão enquanto a vida continua seu curso. O problema é que julgamos o mundo segundo nossa própria maneira de olhar e nos esquecemos que existem milhões e milhões de olhares diferentes do nosso.
Mas não está obrigatoriamente errado quem pensa diferente da gente só porque pensa diferente. E nem obrigatoriamente certo. Todo mundo é livre de ver e tirar suas próprias conclusões sobre a vida e sobre o mundo. Às vezes acertamos, outras erramos. E somos normais assim. Então, numa discussão, numa briga, pare um segundo e pense: "e se eu estiver errado?" É uma possibilidade na qual raramente queremos pensar. Nosso "eu" nos cega muitas vezes. Nosso ciúme, nosso orgulho e até, por que não, nosso amor? Não vemos o lado do outro e nem queremos ver. E somos assim, muitas vezes injustos tanto com o outro quanto com nós mesmo, já que nos recusamos a oportunidade de aprender alguma coisa com alguém. E é porque tanta gente se mantém nessa posição que existem desavenças, guerras, separações. Ninguém cede e as pessoas acabam ficando sozinhas. E de que adianta ter sempre razão, saber de tudo, se no fim o que nos resta é a solidão? Vida é partilha. E não há partilha sem humildade, sem generosidade, sem amor no coração. Na escola, só aprendemos porque somos conscientes de que estamos lá porque não sabemos ainda; na vida é exatamente a mesma coisa. Se nos fecharmos, se fecharmos nossa alma e nosso coração, nada vai entrar. E será que conseguiremos nos bastar a nós mesmos?  Eu duvido. Não andamos em cordas bambas o tempo todo, mas às vezes é o único meio de atravessar. Somos bem mais resistentes do que julgamos; a própria vida nos ensina a sobreviver, viver sobre tudo e sobretudo. Nunca duvide do seu poder de sobrevivência! Se você duvida, cai.
Aprenda com o apóstolo Pedro que, enquanto acreditou, andou sobre o mar, mas começou a afundar quando sentiu medo. Então, afundar ou andar sobre as águas? Depende de nós, depende de cada um em particular. Podemos nos unir em força na oração para ajudar alguém, mas só esse alguém pode decidir a ter fé, força e coragem para continuar essa maravilhosa jornada da vida.

Letícia Thompson

A alma do mundo

Quando você conseguir superar graves problemas de relacionamentos, não se detenha na lembrança dos momentos difíceis, mas na alegria de haver atravessado mais essa prova em sua vida.
Quando sair de um longo tratamento de saúde, não pense no sofrimento que foi necessário enfrentar, mas na benção de Deus que permitiu a cura. 
Leve na sua memória, para o resto da vida, as coisas boas que surgiram nas dificuldades. 
Elas serão uma prova de sua capacidade, e lhe darão confiança diante de qualquer obstáculo.
Uns queriam um emprego melhor; outros, só um emprego.
Uns queriam uma refeição mais farta; outros, só uma refeição.
Uns queriam uma vida mais amena; outros, apenas viver.
Uns queriam pais mais esclarecidos; outros, ter pais.
Uns queriam ter olhos claros; outros, enxergar.
Uns queriam ter voz bonita; outros, falar.
Uns queriam silêncio; outros, ouvir.
Uns queriam sapato novo; outros, ter pés.
Uns queriam um carro; outros, andar.
Uns queriam o supérfluo; outros, apenas o necessário.
Há dois tipos de sabedoria: a inferior e a superior.
A sabedoria inferior é dada pelo quanto uma pessoa sabe
E a superior é dada pelo quanto ela tem consciência de que não sabe. 
Tenha a sabedoria superior. Seja um eterno aprendiz na escola da vida.
A sabedoria superior tolera, a inferior julga;
A superior alivia, a inferior culpa;
A superior perdoa, a inferior condena.
Tem coisas que o coração só fala para quem sabe escutar!

O Melhor Jeito de Caminhar

O melhor jeito de caminhar... Onde podemos encontrá-lo? Em nós mesmos...
Dentro de nós, há uma Essência, há uma Luz! O nosso corpo é apenas um veículo para conduzir e irradiar essa Luz... Se nosso corpo estiver cansado, machucado, sentindo o peso das águas agitadas no decorrer da vida... Podemos revitalizá-lo com a Luz que está em nós! Podemos dirigir essa Luz sobre aquelas partes do nosso corpo, mais sombrias, mais pesadas, mais frias, mais necessitadas... Mas, de onde vem essa preciosa Luz? Do nosso CRIADOR, do nosso DEUS, do nosso PAI ETERNO!
E essa Luz está presente em todos os seres vivos, em tudo que nos cerca!
Na árvore, a seiva...
No fruto, a semente...
Na ostra, a pérola...
Na lagarta, a borboleta...
Em nós, na capacidade de Amar, de Compreender, de Escolher...
É uma poderosa FORÇA!
Num momento difícil, podemos escolher:
Desespero, revolta ou, calma, confiança, entrega, transformação!
A Natureza nos ensina:
É na queda, que a água transmite energia e se purifica, tornando-se cristalina...
A onda do mar vem para a praia e recua...
Quanto maior o recuo, mais força ela tem para avançar...
A árvore sofre perdas...
Mudanças...
Passa pelas quatro estações...
Quando um galho está ruim é podado.
Nas podas, ela encontra força para crescer com muito mais vigor!
Que o Senhor nos conceda:

 “...SERENIDADE, para aceitarmos as coisas que não podemos mudar!
...CORAGEM, para modificarmos as que podemos mudar!
...SABEDORIA, para distinguirmos umas das outras!”

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O rumo da educação superior na América Latina

A quinta edição da Revista Iberoamericana de Educação Superior (RIES) se foca nos processos de educação e na preparação para o ensino superior.

(Crédito: Divulgação)
(Crédito: Divulgação)
A segunda edição da RIES traz artigos que mostram como o processo de educação sofre mudanças

  
A quinta edição da Revista Iberoamericana de Educação Superior (RIES) traz uma série de artigos que mostram como o processo de educação sofre mudanças e como é possível comprovar algumas metodologias adotadas na construção de processos e teorias.

Em “Competências na educação. Correntes de pensamento e implicações para o currículo e o trabalho em aula”, Ángel Díaz-Barriga analisa como as reformas educativas de segunda geração tentam resolver problemas antigos da área. O artigo também destaca a importância de pesquisar, reconhecer e refletir as diferentes escolas de pensamento que estão por trás da construção das propostas de competências.

Em “Transformar o ensino universitário em formação mediante a criatividade. Uma pesquisa-ação com apoio das TIC”, Joaquín Parades Lada comenta a respeito da importância da inovaçãoorientada para a melhora do ensino. O texto também nos mostra como os docentes cresceram em seu conhecimento profissional, modificaram suas carências e evoluíram com o uso das TIC.

Se o que você procura é um guia de fontes de informação, é possível encontrá-lo de maneira atualizada e ordenada no “Guia de fontes de informação iberoamericano para a pesquisa educativa”, publicação de Maria Ángeles Torres Verdugo que traz fontes em espanhol, inglês e português que são de acesso livre e fácil consulta.

“A Preparação para a conclusão dos estudos de Contabilidade e Finanças da SUM, Cabaiguán, Cuba” comenta a respeito dos processos envolvidos a formação do profissional por meio das diferentes etapas de preparação de um estudante, desde o momento em que começa a carreira.

Em “Os candidatos à Universidade do Chile. Vicissitudes sócioeducativas”, Juan-Eduardo Esquivel-Larrondo nos mostra um panorama da condição socioeducativa dos chilenos que aspiram obter um grau universitário.

O artigo “Debate e reforma do método de estudos na Real Universidade de San Carlos de Guatemala do Século XVIII” reconstrói o processo de reforma do método de estudos da Real Universidade de San Carlos de Guatemala do Século XVIII. Além disso, analisa a discussão em torno da crítica feita ao estudo geral por parte de um frade dominicano.

O texto de José-Luis Ramirez-Romeno e Nancy-Angelina Quintal-Garcia reúne ideias e pensamentos para saber se “a pedagogia crítica pode ser classificada como teoria geral da educação”.

Por último, o artigo “Metodologia adotada para a construção do projeto universitário da UNILA”pretende reconstruir o apoio pedagógico para a elaboração do projeto da Universidade Federal da Integração Latino-Americana. O exercício permitiu desencadear um processo reflexivo fundamental para as etapas posteriores.



Conheça os 20 melhores aplicativos do Facebook para amantes de literatura?

A cada dia que passa, o Facebook vem se tornando tão relevante no cotidiano dos usuários que há quem o chame de uma “nova versão da Internet”. No mês passado, por exemplo, ele ultrapassou a quantidade de usuários do Orkut, então líder inconteste perante os brasileiros – e já faz tempo que deixou o Twitter a ver navios.

Não é à toa que a rede vem crescendo tanto: nela, milhares de aplicativos são criados e lançados com foco em todo tipo de gosto. A literatura, pedra fundamental da cultura humana, não ficou atrás. Esse mês, o site Universia Brasil publicou uma lista com os 20 melhores aplicativos da rede para amantes da literatura.

Veja os 5 principais abaixo. Quer conhecer os 20? Então acesse diretamente o site da Universia!  http://www.universia.com.br

1. Goodreads: Com esse aplicativo, você consegue saber o que seus amigos estão lendo.

2. Visual Bookshelf: Conhecer pessoas que estão lendo o seu livro favorito, ver o que seus amigos estão lendo, escrever comentários e recomendar livros. Você consegue fazer tudo isso usando este aplicativo.

3. weRead: Permite que você compartilhe sua estante, veja o que seus amigos estão lendo, participar de um Clube do Livro e obtenha recomendações de livros.

4. aNobii Books App: Encontra e compartilha livros no Facebook.

5. I’m Reading: Organiza uma lista dos livros que você está lendo.

O FUTURO DOS LIVROS DIDÁTICOS

Quando se pergunta sobre o futuro dos livros, normalmente se ouve previsões fatalistas do tipo “o impresso morrerá até o ano que vem”.

Aqui no Clube, temos a oportunidade de acompanhar de perto o comportamento do leitor brasileiro – que é bem mais “conservador”, por assim dizer, do que o americano – com relação à sua preferência. E, do montante total de livros, o fato é que apenas 6% dos vendidos são ebooks – enquanto a quantidade de impressos vem subindo de maneira considerável. Para falar a verdade, em todo o mundo, a quantidade de livros impressos sob demanda cresce a um ritmo substancialmente maior do que a de ebooks (algo que chega a ser chocante).

Olhar para esses dados e deduzir então que o impresso será sempre dominante também não nos parece ser a melhor maneira de “prever o futuro”. Em realidade, o que observamos é que:

a) O usuário gosta de ler – e escolhe a mídia (impressa ou digital) de acordo com a sua conveniência momentânea. Se ele estiver indo para a praia, viajar ou mesmo se estiver interessado em um romance que possa carregar consigo para ler no metrô, em parques ou praças, provavelmente preferirá o impresso. Os motivos vão de segurança a praticidade, características que não podem ser desconsideradas jamais.

b) Livros técnicos ou didáticos necessitam de um tipo diferente de leitura. Nesses casos, estudantes precisam de recursos que vão além de um índice e textos bem concebidos (algo que costuma bastar para romances ou poesia). Para um livro de direito ou de medicina, por exemplo, poder contar com uma funcionalidade de busca é bem relevante. Poder também carregar 100 ou 200 livros de consulta em um único iPad ou tablet, além disso, costuma também ser BEM mais prático (além de saudável, uma vez que quilos e mais quilos de livros na mochila certamente acabarão fazendo mal à coluna). Isso sem falar na possibilidade de se explorar mais recursos como infográficos ou vídeos interativos – importantes quando o objetivo é comprovar alguma teoria de forma mais visual.

Qual a conclusão, então, que se pode tirar? A de que, ao menos por muito tempo, os dois formatos conviverão bem – e que os seus mercados serão determinados principalmente pelos tipos de literatura.

Fonte: Clube de Autores

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Paulo Coelho ganha o Nobel de literatura

Texto escrito por Urariano Mota em Direto da Redação
No momento em que escrevo a coluna, o título acima ainda não virou manchete. Mas neste ou num próximo ano, sem dúvida, Paulo Coelho vai ganhar o Nobel de Literatura. E nisso não vai qualquer bruxaria. É apenas uma ordem das leis do mercado e da fama, reinos da terra onde o alquimista é soberano.
Do meu canto, precavido ou avisado, há quatro anos escrevi uma entrevista do Guerreiro da Luz. Recupero aqui alguns momentos, dos primeiros contatos de Paulo Coelho com a imprensa, assim que soube do seu prêmio Nobel.
A notícia correu o mundo desde a manhã. The Guardian, The Times anunciaram em primeira mão: o escritor Paulo Coelho, um dos mais importantes autores de língua inglesa do século, é o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. E mais: “a Academia sueca, que decide quem vai receber o prestigioso prêmio de US$ 1,5 milhão, fez o anúncio descrevendo Mr. Coelho como um ‘autor de épicos sobre a experiência mística, que, com fervor e poder visionário, expôs uma civilização dividida entre o ser e o pós-ser’ ”. Os brasileiros, ainda mal inseridos no mundo globalizado, bem que tentam repor o Nobel em seu lugar de origem.
O Globo, após alguns salamaleques de ofício à civilização inglesa, ousa insinuar que Paulo Coelho é brasileiro, da cidade do Rio de Janeiro, com residência física em Copacabana. Mas que, a julgar pela qualidade das traduções dos seus livros para o “idioma de Shakespeare”, é compreensível que divida as honras com o antigo império. A Folha de São Paulo, em sua natural objetividade, exclama que o autor Paulo Coelho é tão bom, que mais deveria ser dito que ele está em um patamar além-Brasil. Mas um pouco antes do prêmio, os seus críticos literários haviam escrito que para o Senhor Paulo Coelho, em lugar de um patamar, o mais próprio seria um patíbulo. Agora tudo é diferente: “Os seus livros trazem um resumo da filosofia de vida de Coelho e são baseadas nas histórias e fatos de diferentes culturas e partes do mundo.”
O fato, descobrem. Paulo Coelho é o autor brasileiro – natural do Brasil – mais lido em todo o mundo. O Alquimista é um dos mais importantes fenômenos impressos dos séculos XX e XXI. Por isso os chefes de redação se põem à caça do Nobel japonês Kenzaburo Oe, para arrancar dele frases de sagração, como antes ele dissera: “Paulo Coelho conhece o segredo da alquimia literária”. Os textos de vitória da seleção brasileira vêm nas páginas com destaques do gênero “Paulo Coelho é um dos cinco autores mais vendidos do mundo. Mas em vez de oferecer aos leitores relatos aliciantes de violência, sexo ou suspense, Coelho escreve acerca de pessoas normais que se colocam em situações extraordinárias com a finalidade de incentivarem o seu eu interior, e fá-lo com uma prosa simples e despretensiosa.” Ora, que tesouro tínhamos e não sabíamos.
Por isso agora os repórteres cercam o mago, que mal teve tempo de pôr de lado o seu grandioso arco. Eles vêm em horda, simpáticos, cordiais, íntimos, íntimos como só os repórteres conseguem ser.
- É verdade que escreveu O Alquimista em quinze dias?
- Sim. Todos os meus livros são escritos num período de duas a quatro semanas.
- O que faz um Nobel de literatura?
- Escreve.
- E que mais?
- Bebe, come… e transforma o que come em coisas mais naturais.
- O senhor é um demônio? (Outras vozes) O senhor é alquimista? O senhor é autobiográfico?
- Acredito no conceito de “Anima Mundi”…
- Sei, entendo… Vários de seus livros são narrados do ponto de vista feminino. Como um homem consegue retratar tão
fielmente as mulheres?
- Quando escrevo um livro estou sobretudo tentando resolver algo comigo mesmo.
- O senhor é gay? O senhor teve experiência gay? Quais são seus autores preferidos
- J.L Borges, William Blake, Jorge Amado, Henry Miller.
- Só?
- Que livros a senhora já leu de Paulo Coelho?
- Muitos. O Alqumista. O Bruxo….
- Entendo. Do quê a senhora gostou mais no livro O Bruxo?
- Ah, tudo, não é?
- Maravilha.
- O senhor sabia que o publicitário Olivetto declarou que o senhor é a nossa Coca-Cola?
- Lindo. E qual o slogan, eu poderia saber?
- Paulo Coelho é que é.
O escritor, como um guerreiro da luz, então pega o arco e a flecha. Os repórteres, ainda que não tenham lido a Odisséia, e por isso não lembrem da volta de Odisseu ao palácio, os repórteres ainda assim abandonam o campo, rápido. Não há cultura mais urgente que a autopreservação. A prudência é que é.
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