Publicado por O Globo
A obra:
André Kertész era um leitor ávido. A leitura era, e não é modo de falar, o que apaziguava sua alma e seu espírito. Apaixonado por livros, em todas as suas viagens ao se deparar com um leitor ou com alguém que como ele amava os livros, não perdia a oportunidade e tirava uma foto. A série Leitura é brilhante como fotografia e muito interessante como registro de uma época e de um modo de vida que, triste constatação, parece estar desaparecendo…
Como expliquei no início da série
Distorções, as fotos serão inseridas entre um ou outro parágrafo, ligadas ao
tema – Leitura – e não ao texto propriamente dito. A primeira, acima, é
justamente uma apresentação da série e está sem data.
O artista:
Entre os amigos que fez em Paris estavam membros do movimento dadaísta. Um deles apelidou André Kertész de “Irmão Que Vê”, numa alusão a um monastério medieval onde todos os monges eram cegos, exceto um. Sua maior colaboração profissional foi com Lucien Vogel, o editor francês que publicava as fotos de Kertész sem muitos textos explicativos. Juntos eles publicaram fotos de Chagall, de Mondrian, de Colette e de Sergei Einstein.
No Asilo de Beaune, Borgonha, Fr – 1929
Em Paris ele conheceu o sucesso artístico e
comercial e há monografias relatando que ele foi o primeiro fotógrafo a fazer
uma exposição individual (1927). Além de ensinar Brassaï a fotografar, ele foi
orientador dele e de Cartier-Bresson, que sempre lhe foi muito grato.
Sem dizer nada à sua família e, na
realidade, nem para a maioria de seus amigos, Kertész casou-se com uma
fotógrafa francesa especializada em retratos, Rosza Klein (que usava o nome de
Rogi André), no final da década de 20. O casamento durou muito pouco e ele
nunca mais tocou nesse assunto, para não incomodar sua segunda mulher, a
húngara Elizabeth.
Na escola, no intervalo de uma peça – Nova
York, 1938
Em 1930 ele resolveu voltar para a Hungria a
fim de visitar a família e lá reencontrou sua primeira namorada, Erzsebet.
Ele não ficou muito tempo em Budapest;
voltou para Paris e em 1931 Erzsebet o seguiu, apesar da objeção de sua
família. Os dois nunca mais se separaram. Casaram- se em 17 de junho de 1933 e
ela passou a se chamar Elizabeth Kertész.
Le Havre, 1948
Por essa época, o Partido Nazista crescia e
se tornava cada vez mais poderoso. Isso levou a indústria jornalística a
publicar muitas reportagens sobre política, mas Kertész, por ser neutro e
apolítico, passou a receber cada vez menos encomendas.
Foi quando Elizabeth e ele resolveram se
mudar para Nova York. Em 1936, em meio às ameaças de uma II Guerra Mundial, o
casal Kertész embarcou no SS Washington em direção a Manhattan.
Acervo Espólio André Kertész
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