Publicado originalmente
no Terra.com
A pesquisa Escolas
Estaduais do Rio do Janeiro – Percepções e Expectativas de Alunos revela que 92%dos
estudantes do Ensino Médio da rede estadual estão conectados à internet, mas o
hábito de ler não faz parte da vida deles. De modo geral: 14% dos 4
mil alunos consultados disseram não ter lido nenhum livro nos últimos cinco
anos. Um livro foi lido no período por 11% dos estudantes; dois ou
três livros por26% e quatro ou cinco livros por 17%. O estudo foi
efetuado pelo Instituto Mapear para a Secretaria Estadual de Educação do Rio de
Janeiro.
Entre os alunos que leram
mais que um livro em média nos últimos cinco anos, a pesquisa registrou
que14% leram entre 6 e 10 livros, 8% entre 11 e 20
e 10% leram mais que 20 livros em cinco anos.
A pesquisa Retrato da
Leitura no Brasil, divulgada em março deste ano pelo Instituto Pró-Livro,
registra que, na faixa etária entre 5 e 10 anos, as crianças brasileiras leram
5,4 livros, no ano passado. Entre os pré-adolescentes, de 11 a 13 anos, a taxa
de leitura ficou em 6,9 livros por ano e entre adolescentes de 14 a 17 anos
(mesma faixa etária da pesquisa realizada no estado do Rio de Janeiro) foram
lidos 5,9 livros em 2011.
Os números são menores do
que os registrados na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil realizada em 2007,
mas, segundo o Instituto Pró-Livro, a queda se deve a uma diferença de
metodologia em relação ao estudo deste ano, não necessariamente à uma queda no
número de leitores no País.
O baixo índice de leitura
entre os alunos do Ensino Médio da rede pública estadual fluminense pode ser
atribuído a um fator histórico, disse o subsecretário de Gestão do Ensino,
Antonio Neto. O subsecretario informou que 70% dos pais de alunos não têm o
Ensino Fundamental completo. “No ambiente familiar o aluno não encontra
estímulo para a leitura”, disse.
Nas famílias de classe
média, que costumam assinar jornais e periódicos, os estudantes conseguem ter
mais acesso a algum tipo de leitura. “No caso das famílias mais pobres, nós não
vemos isso. Vemos grandes dificuldades. O papel da escola passa a ser mais
importante, porque é um quadro que tem que ser revertido desde os anos iniciais
da educação”, disse Neto. A pesquisa foi pautada no Ensino Médio e mostra que a
leitura tem que ser fortalecida desde os anos iniciais do Ensino Fundamental,
“para que no Ensino Médio, o aluno tenha uma convivência com o livro muito maior”.
Neto observou que, “como o
mundo ideal não existe”, é preciso trabalhar com a realidade. Para fomentar
ações que incentivem o gosto pela leitura entre os alunos, a Secretaria
Estadual de Educação do Rio utiliza ferramentas, como a Semana de Artes das
escolas públicas estaduais.
A iniciativa foi resultado
de trabalhos efetuados por escolas da rede estadual que envolveram várias
linguagens, entre as quais música, dança, pintura, literatura, vídeo e teatro. "Essa ação de fomento à arte está necessariamente ligada à leitura”, disse. Foram
cinco dias de ações escolares, o que levou a secretaria a decidir ampliar o
evento no próximo ano.
Outra ação de incentivo ao
hábito de ler entre os estudantes é o Salão do Livro das Escolas Estaduais. O
evento é anual e constitui uma oportunidade de as unidades escolares adquirirem
novos livros para os estudantes. Cerca de 141 unidades participaram da última
edição, que teve uma verba de R$ 8 milhões.
Novas ações estão sendo
formatadas com o objetivo de serem introduzidas na rede de ensino em 2013. Neto
esclarece que a secretaria não trabalha com o conceito de bibliotecas, mas de
salas de leitura nas escolas. O acervo dessas unidades considera uma proporção
média de três livros, “pelo menos”, por aluno, conforme determina a legislação
atual para bibliotecas.
A secretaria criou, no ano
passado, a função de “professor agente de leitura”. Esse profissional começará
a ser colocado nas escolas ainda neste semestre com a função de fomentar a
leitura. Ele terá também a atribuição de criar estratégias para que o aluno
“utilize e trabalhe com esses livros”.
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