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terça-feira, 12 de junho de 2012

Conferência que começa em 13 de junho decidirá, entre outros temas, o formato e o papel central de uma entidade global dedicada ao meio ambiente.

O aterro do Flamengo, no Rio, deve receber 10 mil, dos 50 mil participantes da Rio+20, em junho

"O verdadeiro debate é como tirar gente da pobreza em países em desenvolvimento e assegurar vida de classe media para muitos indivíduos emergentes, que querem consumir. Isso importa bem mais que assegurar recursos naturais para país rico, motivo básico que levou os europeus a defenderem a criação de uma organização mundial do meio ambiente", diz o embaixador André Aranha Correa do Lago, negociador-chefe do Brasil na Rio+20.

Em junho de 1992, o Rio de Janeiro voltou a ser, por decreto presidencial, a capital do Brasil. Protegidos por tanques e 15 mil homens do Exército no caminho entre o Aeroporto Internacional do Galeão e a zona sul, 108 chefes de estado desembarcaram na cidade para discutir os rumos do planeta, em busca de uma sociedade mais justa e sustentável. O termo “sustentável”, aliás, tornou-se conhecido ali,na ECO-92, a histórica conferência que consolidou o ativismo ambiental e, progressivamente, levou às conversas das pessoas comuns conceitos como biodiversidade e mudanças climáticas. Foram 12 dias de discussões que vararam noites – a ponto de deixar em carne viva os cotovelos do então embaixador do Brasil em Washington, Rubens Ricupero -, e também de uma maratona de manifestações de protesto, shows de música e apresentações de teatro que fizeram o lado festivo da conferência. Entre os ilustres visitantes estava George Bush, em plena campanha pela reeleição à presidência dos Estados Unidos. Bush pai acabou derrotado pelo democrata Bill Clinton, mas, se os participantes da Eco 92 pudessem votar a derrota seria por diferença muito maior. A figura mais hostilizada da conferência só foi festejada de alguma forma porque fez aniversário – 78 anos – e ganhou um bolinho de parabéns para você oferecido pelo presidente Fernando Collor, que estava no epicentro das denúncias que o enxotariam de Brasília três meses depois daquele encontro.

Vinte anos depois de sua estreia como cidade-marca de uma grande cúpula internacional, o Rio, agora sem tanques e com parte das favelas ocupadas por policiais militares, volta a ser, a partir de 13 de junho, a capital mundial do meio ambiente. Cientistas, ativistas ambientais e chefes de estado tentarão, ao longo de 11 dias na cidade, apontar o caminho e estabelecer compromissos de governos e empresas para as próximas décadas, conciliando os anseios de uma classe média global emergente e a necessidade de frear o ritmo com que os 7 bilhões de humanos consomem os recursos do planeta – em 1992 éramos 5 bilhões e meio. Bill Clinton é um dos convidados de honra aguardados, ao lado da chanceler alemã Angela Merkel, do governador-ator Arnold Schwarzeneger, do cantor Bono Vox, líder do U2, do cineasta James Cameron, de Avatar, e de 50 mil participantes inscritos para tentar, de novo, mudar o mundo.

As expectativas para Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, são imensas. Mas vêm seguidas de frustrações com as duas décadas em que houve menos avanços na área ambiental do que pretendiam os organizadores da Eco-92. É certo que hoje o mundo encara de forma diferente as questões ambientais, e a mudança se reflete em novos hábitos. Há carros elétricos sendo produzidos, sacolas plásticas são banidas dos supermercados e as crianças absorvem, desde muito cedo, ao menos fragmentos do discurso "verde". Mas cientistas e autoridades no centro das discussões da Rio+20 alertam que mudanças muito mais profundas serão necessárias se o homem pretende, de fato, manter o planeta habitável para gerações futuras.

A experiência de 20 anos de discussões sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável não deixam dúvida de que o consenso é uma utopia. Um dos grandes embates da conferência será sobre o papel de uma instância global que seja capaz de unir as metas de preservação do meio ambiente com as necessidades contínuas de progresso econômico - a soma necessária para a sustentabilidade. “A questão institucional da conferência será a revisão do mandato do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), mas não exatamente a criação de uma organização mundial de meio ambiente, uma proposta dos europeus que o Brasil acha que não resolve os dilemas atuais. O que pedimos insistentemente é uma instituição que lide com desenvolvimento sustentável e não somente com meio ambiente. A proposta inicial europeia deturpa o conceito de desenvolvimento sustentável, é um retrocesso a 1972, ano da Conferência de Estocolmo, quando a preocupação deles era o fim dos recursos naturais”, diz o embaixador André Aranha Correa do Lago, negociador-chefe do Brasil na Rio+20.

“É como se dissessem: vocês, os pobres, precisam planejar seu crescimento populacional e também gastar menos recursos naturais, porque nós, os ricos, precisamos deles”, resume o diplomata. “Os europeus estão voltando para a visão de mundo pré-1972. Defendem agora a criação de uma Organização Mundial do Meio Ambiente para salvaguardar os recursos naturais do planeta. Mas, salvaguardar para quem? Para eles?”

A visão brasileira – O governo brasileiro vai patrocinar um evento de quatro dias no Riocentro, com transmissão ao vivo via Internet, para debater os temas que considera prioritários nesta seara: segurança alimentar e agricultura sustentável, energia sustentável para todos, economia do desenvolvimento sustentável, redução do risco de desastres naturais, cidades sustentáveis, acesso eficiente a água, oceanos, empregos verdes, trabalho decente e inclusão social.

A Rio+20 certamente não alcançará o brilho de sua antecessora, a Eco-92, considerada um marco histórico por colocar a mudança do clima e a defesa da biodiversidade na agenda política global. Mas certamente terá mais impacto que a intermediária Cúpula Mundial pelo Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2002 na cidade de Johanesburgo. Esta, basicamente, reviu os acordos de 1992 e recomendou um plano de implementação cujo mérito foi fortalecer as parcerias publico-privadas e, com isso, reforçar indiretamente o movimento pela responsabilidade social das empresas.

Vinte anos de conferências sobre meio ambiente e clima

Minuta Zero da declaração da conferência considera vários aspectos econômicos e sociais, além dos ambientais. Mas o texto ainda é considerado “sem carne” pelos negociadores. Liberado para consulta pública em janeiro deste ano, o documento receberá ajustes no final de março durante a 3ª Reunião Interseccional da Rio+20, na sede da ONU, em Nova York. Seguirá em revisão nos países até a terceira e última conferência preparatória para a reunião dos Chefes de Estado no Riocentro, em junho.

O combustível das discussões na Rio+20 vem das mudanças climáticas medidas pela ciência e da crise financeira que se abate sobre os países ricos. “Gostem ou não, o debate ambiental passa pela dimensão econômica. Não considerar esse fato hoje é tapar o sol com a peneira”, diz Lago.

No bloco formado por Brasil, Índia, China e Rússia, uma classe média emergente consome cada vez mais, alavanca a indústria e empurra a balança dos recursos naturais para o saldo devedor. De imediato, esse gigantesco grupo vai deslanchar uma onda de consumo que será prontamente atendida pela indústria. Em período de crise econômica e necessidade de aumentar a oferta de empregos, dificilmente os EUA aceitarão os itens da Minuta Zero relacionados com a redução da emissão de poluentes - o que significa abrir o caixa para gastos com tecnologias não-poluentes ou mesmo restringir a produção de alguns segmentos. O repasse financeiro de uma porcentagem ínfima do PIB para países em desenvolvimento também não mobilizará EUA, Japão e muitos do bloco europeu em crise. Esses recursos, se efetivamente repassados, poderão impactar diretamente o bloco africano, que precisa de qualificação da mão-de-obra de jovens para a agricultura, o que demanda recursos inexistentes no caixa desses países.

Os efeitos do aumento do consumo em escala global mexem com todo o planeta. A venda ampliada de automóveis na China, por exemplo, demanda a importação maciça de aço, fruto de mineração extensa por multinacionais nos mesmos países africanos onde falta dinheiro para a educação e o incremento do solo para a produção de alimentos.

Sem ajuda financeira externa, fica difícil obter a adesão permanente da Indonésia para conter o desmatamento, que permite a implantação de complexos industriais que atendem o crescente mercado chinês e as demandas do vizinho rico, Japão. A Indonésia é o terceiro maior emissor de carbono do mundo, atrás apenas de EUA e China.

O apelo global pela redução do uso de combustíveis fósseis - petróleo, sobretudo  - pode ser espinhoso para países como a Venezuela e o Brasil, focado no pré-sal. O confronto é inevitável com os países sediados em ilhas (em inglês, Small Islands States). Com a subida do nível dos oceanos pelo derretimento das geleiras devido ao aquecimento do planeta, já existem planos de migrar populações inteiras de países do Pacífico Sul, do Oceano Índico (particularmente, Maldivas) e de Bangladesh para outros como a Nova Zelândia, por exemplo, que já permite o acolhimento de refugiados do clima e até estuda o sistema de cotas por país. O aquecimento global acirra também o debate sobre a escassez de água em zonas que se tornam cada vez mais áridas e desprovidas de recursos naturais, caso de uma guerra em curso entre os nômades da região de Darfur, no Sudão. Os interesses são muitos e contraditórios. São questões difíceis de deslindar.

Missão – A Eco-92 foi um marco. A partir daquele encontro, pela primeira vez os maiores líderes mundiais reconheceram o pleito dos países em desenvolvimento e concordaram em criar metas e objetivos para mitigar a mudança do clima e gerenciar com mais equilíbrio o manejo da biodiversidade do planeta. Em 2002, a Cúpula Mundial pelo Desenvolvimento Sustentável, em Johanesburgo, resultou em um plano de implementação das metas não alcançadas até então. O mérito, nesse caso, foi o de estimular parcerias entre vários setores para, na década vindoura, fortalecer práticas de eficiência energética e o desenvolvimento tecnológico para a indústria.

Os temas que, desde já, despontam como preocupação da Rio+20 estão reunidos sob a marca da economia verde.“O verdadeiro debate é como tirar gente da pobreza em países em desenvolvimento e assegurar vida de classe media para muitos indivíduos emergentes, que querem consumir. Isso importa bem mais que assegurar recursos naturais para países ricos, motivo básico que levou os europeus a defenderem a criação de uma organização mundial do meio ambiente, que o Brasil contestou”, explica Lago, sobre o que considera ser o debate central da Rio+20.

Maurice Strong, secretário geral da ECO-92, Boutros-Ghali, secretário geral da ONU e Fernando Colllor de Mello, presidente da República, sentados em primeiro plano, ouvindo o discurso de Aníbal Cavaco Silva, primeiro-ministro de Portugal, na conferência da ONU durante a ECO-92, no auditório principal do Riocentro, no Rio de Janeiro em 1992

Maurice Strong, secretário geral da ECO-92, Boutros-Ghali, secretário geral da ONU e Fernando Colllor de Mello, presidente da República, sentados em primeiro plano, ouvindo o discurso de Aníbal Cavaco Silva, primeiro-ministro de Portugal, na conferência da ONU durante a ECO-92, no auditório principal do Riocentro, no Rio de Janeiro em 1992.

Quem vem – Estima-se que o Aterro do Flamengo abrigará, no mínimo, 10 mil pessoas, do total de 50 mil inscritos. Já não existem mais quartos em hotéis disponíveis para o período da conferência. Com a mudança estratégica de data da Rio+20 para o fim de junho – a fim de evitar evasões por conta da celebração do Jubileu de Diamante da Rainha Elizabeth II ou por causa das eleições americanas - o governo brasileiro estima a vinda de 100 a 120 chefes de estado. A maioria certamente virá direto da reunião do G-20, que será finalizada no México um dia antes da cúpula dos Chefes de Estado na Rio+20.

Não é fácil envolver a opinião pública em debates relevantes para a forma de agir, pensar e consumir de 7 bilhões de indivíduos. Mas alguns dos dados que alarmam a comunidade científica são, em um mundo ameaçado por catástrofes ambientais e desconforto nas grandes cidades, um sinal de alerta para a forma como vivemos. Desde a ECO-92, o clima aqueceu acima do limite acordado em 2 graus positivos, podendo alcançar em pouco tempo os 3 graus, conforme difundido na COP-17 em Durban, em dezembro passado.

A velocidade de extinção de espécies da flora e da fauna é de 1.000 a 10.000 vezes maior do que o esperado naturalmente para certos organismos, segundo dados da IUCN - International Union for Conservation of Nature. De acordo com a FAO, a produção mundial de alimentos precisa aumentar em mais de 75% nos próximos 30 anos, desafio enorme considerando que 1,2 bilhões de hectares disponíveis no mundo para plantio encontram-se em vias de desertificação – mais ou menos a soma dos territórios da China e da Índia.

Atualmente, 8% do PIB mundial são gastos com energia para geração de eletricidade, aquecimento e fins industriais. Mundo afora, a bem-vinda ascensão de uma vigorosa classe média emergente traz consigo um desafio tecnológico gigantesco: o de reduzir o impacto ambiental da explosão das vendas de automóveis decorrente desse fenômeno, quando o transporte responde por 12% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa, segundo dados do WRI – World Resources Institute. Esses gases têm relação direta com o aquecimento do planeta.

Na Rio+20, os temas serão debatidos por membros das delegações dos países e celebridades internacionais, a convite do Itamaraty. A repercussão do encontro, impulsionada tanto por líderes mundiais quanto por famosos engajados, é bem-vinda. Afinal, é esse um dos caminhos para levar discussões de ambientalistas ao cidadão comum, não necessariamente preocupado com termos como carbono, desenvolvimento sustentável ou biodiversidade. “Vinte anos depois, o entendimento do que venha a ser, de fato, a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável ainda é matéria de iniciados”, considera Fernando Lyrio da Silva, Assessor Extraordinário do Ministério do Meio Ambiente para a Rio+20.


A abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, foi adiada pela presidenta Dilma Rousseff, para o dia 20 de junho de 2012, no Rio de Janeiro.

A data foi alterada para que o evento não coincida com a comemoração dos 60 anos de coroação da rainha da Inglaterra, Elizabeth, entre os dias 4 e 6 de junho do próximo ano. Líderes do G20 e de países europeus devem praticar da comemoração da rainha, assim poderiam não comparecer ao evento no Rio de Janeiro.

A presidente Dilma, disse que a conferência será uma oportunidade para discutir o modelo de desenvolvimento que as nações querem para o futuro e colocará em pauta pontos importantes, como a erradicação da pobreza, economia verde e governança internacional para o desenvolvimento sustentável.

sábado, 9 de junho de 2012

PARA QUE...


Tanta natureza, tanta beleza, tanta vida,
Se o homem só destrói, aterroriza.
Tanta fartura, tanta abundância,
Se o homem deixa o próximo sem nenhuma esperança.
Tanta água, se o homem conserva a seca.
Tanta consciência, se o homem só faz besteira.
Tantas árvores, tantos bosques,
Se o homem devasta, os torna piores.
Tantas espécies, tanta amplidão,
Se o homem mata, torna tudo extinção.
Tanta casa, tanta moradia,
Se o homem deixa o próximo ao relento, em plena agonia.
Tanta amizade, tanta irmandade,
Se o homem cria intrigas, gera inimizades.
Tanta paz, tanto amor,
Se o homem amplia o ódio, o horror, a dor,
Torna tudo sem valor.
Tanta segurança,
Se o homem aprimora a instabilidade, torna tudo maldade.
Tanto dinheiro, tanta renda,
Se o homem deixa o próximo em dependência.
Tanta violência, tanta arma,
Se o homem extermina, mata e torna-se também caça.
Tanto diálogo,
Se o homem rejeita o próximo e fica também isolado.
Tanta beleza, tanta cor,
Se a cada dia que passa o homem torna o mundo incolor.
Tanto amor, tanta paz,
Se o homem só elimina destrói cada vez mais. 

Donizete Alves

sexta-feira, 8 de junho de 2012


Apesar do texto se referir a 2008, decidi publicá-lo para alertar sobre a necessidade de se preservar mais o planeta.


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Muito cansado? Conheça 14 causas que podem estar por trás de sua fadiga

Fatores variam de problemas no coração até excesso de cafeína

Por Ana Paula de Araujo

estresse do dia a dia e a necessidade de fazer diversas coisas ao mesmo tempo podem fazer a fadiga perturbar a rotina, o que torna difícil até mesmo atividades corriqueiras. No entanto, nem sempre essa fadiga quer dizer que você está precisando apenas de um descanso. Confira o que pode estar por trás dessa sensação de cansaço incessante. 

Pouco tempo de sono - Getty Images

Pouco tempo de sono 

O período do sono serve para repor nossas energias. É nesse período que acontece a síntese de proteínas, fazendo com que o cansaço do dia desapareça. Assim, se não há o tempo de sono adequado, a fadiga bate à porta.

"A quantidade de sono necessária depende do cansaço físico e mental, da idade e até da genética de cada indivíduo. Em média, um adulto deve dormir entre sete e oito horas por dia", explica Shigueo Yonekura, neurologista e especialista em sono do Instituto de Medicina e Sono.

Para que o seu sono tenha qualidade, é necessário que ele passe por todos os estágios, sendo cinco ao todo. Os dois primeiros representam o sono superficial, consumindo entre 55 e 60% do tempo dormido. Nos estágios três e quatro, acontece o descanso "físico", que dura 20% do tempo. O quinto e último estágio ocupa os 20% restantes do tempo e nele acontecem os sonhos, considerados importantes para preservar a memória. 

Apneia do sono - Getty Images

Apneia do sono

Esse distúrbio é caracterizado pelo fechamento repetitivo da passagem do ar pela garganta durante o sono, podendo interromper a respiração por até 40 segundos. Essas pequenas paradas fazem com que o indivíduo acorde durante a noite, interrompendo o sono. "Fadiga, falta de concentração, alteração de humor e perda de memória e libido são sintomas comuns de quem sofre de apneia", conta o neurologista Shigueo Yonekura.

Para detectar o problema, é necessário procurar ajuda médica, pois apenas exames em um laboratório de sono podem indicar o distúrbio. Em alguns casos, o tratamento se restringe à perda de peso, já que a gordura em excesso na região do pescoço estreita ainda mais a laringe, provocando a doença.

Sedentarismo - Getty Images

Sedentarismo 

Subir um lance de escadas e já ficar cansado é apenas um dos incômodos que a vida sedentária traz. É comum pessoas que não fazem nenhuma atividade física se sentirem fadigadas ao menor sinal de esforço.

Isso se deve à falta de condicionamento do sistema cardíaco, ou seja, o coração não bate saudável a ponto de mandar sangue para o corpo todo. Desse modo, explica o cardiologista João Vicente da Silveira, do Hospital São Luiz, por causa do acúmulo de ácido lático nos músculos, o sistema muscular acaba fraco.

Para resolver esse problema, não há outra solução: mexa-se! "O sedentário tem que se mexer, fazer caminhada, natação, hidroginástica", aconselha João Vicente, que lembra que a falta de tempo ou dinheiro não é desculpa para ficar parado. Descer do ônibus a dois ou três pontos de seu destino, caminhar até a padaria ou o banco, trocar o elevador pela escada são dicas valiosas para quem ainda insiste em dar desculpas. 

Anemia - Getty Images

Anemia 

A sensação de fadiga pode estar ligada a essa doença, que nada mais é do que a diminuição da hemoglobina, responsável pelo transporte de oxigênio e nutrientes pelo corpo.

"Quem tem anemia acaba transportando menos substâncias, o que não é aceito pelo organismo. O coração exige mais trabalho, levando ao fracasso dos músculos", esclarece o nutrólogo José Alves Lara Neto, vice-presidente da ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia). Com tratamento, a fadiga desaparece completamente. 

Alergia ao glúten - Getty Images

Alergia ao glúten 

Quem possui essa alergia alimentar, segundo o nutrólogo José Alves Lara Neto, sente-se sem energia para nada. Ele explica que isso acontece porque a glutenina, proteína formadora do glúten, provoca uma irritação no intestino, diminuindo a absorção de outras substâncias. Por isso, é importante detectar rapidamente a alergia ao glúten. 

Consumo de café - Getty Images

Consumo de café 

Quem diria! A cafeína, conhecida por fornecer energia, pode ser o agente causador da fadiga inexplicável. Essa substância é termogênica, logo, obrigará teu organismo a gastar mais energia. No entanto, quando você não tem essa energia para gastar, tudo o que fica é o cansaço, a moleza... "Ela não dá energia, só estimula a gastar", sintetiza o nutrólogo José Alves Lara Neto

Desidratação - Getty Images

Desidratação 

O consumo de água adequado é vital para o bom funcionamento do organismo. Assim, o corpo desidratado está disfuncional. "A água serve pra manter a temperatura do corpo. Se você não toma muita água, o seu organismo vai esquentar e cansar muito rápido", conta o nutrólogo José Alves Lara Neto.

Para saber qual é a quantidade certa de água que você deve consumir diariamente, multiplique seu peso por 0,03. Seguindo esse cálculo, uma pessoa de 70 quilos deve tomar, aproximadamente, 2,1 litros de água por dia. 

Cigarro - Getty Images

Cigarro 

Mais um motivo para largar o cigarro: ele te cansa, e por vários motivos. O primeiro deles, segundo a pneumologista Maria Vera Cruz de Oliveira Castellano, do Hospital do Servidor Público Estadual é que quem fuma tem maior concentração de monóxido de carbono no sangue, que compete com o oxigênio para fazer ligação com a hemoglobina. Assim, o fumante tem menor concentração de oxigênio correndo pelo sangue, o que dá a sensação de fadiga.

Outro motivo é que, entre os componentes do cigarro, estão alguns que aceleram o catabolismo - conjunto de reações metabólicas que liberam energia no organismo -, levando à perda desnecessária dessa energia. Além disso, a nicotina diminui a quantidade de oxigênio que chega à periferia do organismo, piorando o cansaço.

"Por último, quem fuma tem perda maior de função pulmão por causa da ação dos componentes do cigarro no órgão. Eles levam à inflamação dos brônquios, que ficam mais obstruídos. Vários componentes oxidantes destroem as ligações entre os alvéolos, causando enfisema pulmonar", completa a pneumologista, enfatizando que isso leva à fadiga. Se esse é o seu caso, não há saída além de apagar o cigarro. 

Diabetes - Getty Images

Diabetes 

Quando mal controlada, essa doença também causa fadiga. O diabetes, explica o endocrinologista César Hayashida, do Hospital Santa Cruz, causa desequilíbrio no metabolismo, desequilibrando também a parte do controle de líquidos do corpo.

"Existe a deficiência relativa ou absoluta de insulina, então o metabolismo de nutrição não é feito de maneira adequada. Assim, há perda de liquido e desidratação", pormenoriza. Esse desarranjo é o grande responsável pela fadiga em portadores do distúrbio. Com o controle da doença, entretanto, a fadiga tende a melhorar consideravelmente. 

Distúrbios da tireóide - Getty Images

Distúrbios da tireóide (hipotireodismo ou hipertireodismo) 

Embora sejam dois distúrbios extremos, tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireoidismo podem causar fadiga, embora não da mesma forma. No caso do hipertireoidismo, o doente tem o metabolismo acelerado, o que faz com que seu corpo faça um esforço desnecessário. Assim, mesmo sem qualquer atividade física, seu coração baterá mais acelerado. Em dias quentes, ela sente cansaço equivalente ao da prática de atividade física.

Já no hipotireoidismo, acontece o contrário. "Como também há alteração no funcionamento do coração, a pessoa fica cansada sem fazer esforço", conta o endocrinologista César Hayashida. É como se tudo ficasse mais lento, até mesmo o cérebro, dificultando a execução de tarefas.  

Síndrome da fadiga crônica (SFC) ou fibromialgia - Getty Images

Síndrome da fadiga crônica (SFC) ou fibromialgia 

A síndrome da fadiga crônica (SFC) é um mal sem causa identificada, comumente associada à fibromialgia, onde o quadro de cansaço não melhora nem com o descanso. É complicado, até mesmo para especialistas, separar essa síndrome da fibromialgia, que é uma síndrome de amplificação dolorosa não inflamatória e crônica de difícil diagnóstico. Isso porque a fadiga aparece na grande maioria dos casos de fibromialgia, que também pode estar relacionada a dores e distúrbios do sono do paciente.

"A fibromialgia é uma doença que tem a fadiga como um dos sintomas principais. Ao mesmo tempo, na síndrome da fadiga crônica, o principal sintoma também é a fadiga. Então, pode acontecer do paciente ter as duas doenças", conta Roberto Heymann, coordenador do ambulatório de fibromialgia da Unifesp. 

A fadiga causada por esses distúrbios é arrebatadora. O doente já acorda de manhã muito cansado, o que piora durante o dia e, apesar de descansar, o cansaço não melhora. Se esse quadro persistir durante três meses, é importante procurar um reumatologista, que saberá diagnosticar. "A fibromialgia é um diagnostico de inclusão, ou seja, se o paciente preenche os critérios, ele tem. Na SFC, você tem que afastar outras doenças", explica Heymann, que reitera que, ao contrário de doenças virais ou autoimunes, nenhum dos dois distúrbios causa fadiga muscular, mas sim a falta de energia. 

Embora ainda não exista tratamento adequado para essas síndromes, ele tem sido feito com o uso de antidepressivos, derivados de anfetaminas (para melhorar o quadro de falta de energia) e até mesmo GH (hormônio do crescimento), além de atividades físicas e medidas para a melhoria da qualidade de sono do paciente. 

Depressão - Getty Images

Depressão 

Para o depressivo, é ainda mais difícil conseguir forças para realizar qualquer atividade, até mesmo as mais corriqueiras. A extrema falta de energia e vontade é um dos principais sintomas da doença, que também incluem queda de concentração, alterações do apetite e sono e pensamentos negativos constantes.

Depressão é coisa séria e exige tratamento adequado, que envolve terapia e uso de medicação. "Em geral, a fadiga melhora com o uso de antidepressivos, principalmente os que aumentam a noradrenalina". 

Estresse - Getty Images

Estresse 

Nosso corpo tem um balanço de forças motivadoras e calmantes - os sistemas noradrenérgico e serotoninérgico. Enquanto o primeiro faz com que você tenha força e vontade, o segundo está ligado à calma. Toda vez que o indivíduo passa por situações de estresse, há um descompasso desse balanço. "Se há predomínio da serotonina em relação à noradrenalina, há a fadiga", explica Sérgio Klepacz, psiquiatra do Hospital Samaritano. Se esse é o seu caso, está na hora de relaxar! 

Doenças cardíacas - Getty Images

Doenças cardíacas 

A fadiga é o primeiro sintoma que indica que algo não está bem com o seu coração. Quando ele está fraco ou dilatado, não bombeia o sangue com eficiência, causando a fadiga. Por isso, a fadiga é o primeiro sintoma de inúmeras doenças cardíacas: angina, infarto agudo do miocárdio, pós-infarto, artérias entupidas, pressão alta, insuficiência cardíaca, arritmia, doenças valvulares, fibrilação atrial, entre outras.

"O sangue chega muito devagar em todas as partes do organismo, inclusive no cérebro, o que favorece o aparecimento do Alzheimer", alerta o cardiologista João Vicente da Silveira. Por isso, ele ressalta a importância do check-up, principalmente a partir dos 40 anos.  

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