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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Crianças dando um "SHOW"

Cidade alemã constrói biblioteca de R$ 196 milhões

Publicado na revista PEGN

Arquitetura e design são apostas para atrair novas leitores

Da Redação

Editora Globo

Com a popularização do ebbok, as versões eletrônicas dos livros tendem a ganhar a preferência do público em relação às antigas folhas de papel. Entretanto, a nova Biblioteca Municipal de Stuttgar, na Alemanha, aposta em arquitetura e design para conquistar os leitores da cidade.

Editora Globo

Projetada pelo arquiteto coreano Eun Young Yi, a nova Biblioteca pode ser considerada um gigantesco centro de mídia, formado por nove andares repletos de livros nas mais variadas línguas.

Editora Globo

A Biblioteca Municipal de Stuttgart custou aproximadamente 80 milhões de euros para ser construída, o equivalente a cerca de R$ 196 milhões.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Pesquisadores quebram criptografia dos discos Blu-ray

Pesquisadores quebram criptografia dos discos Blu-ray

“O fato de que alcançamos nosso objetivo em uma tese de mestrado, e usando materiais que custam aproximadamente 200 euros, definitivamente não depõe a favor da segurança do atual sistema HDCP,” disse o pesquisador.
(Imagem: Uni-Ruhr-Bochum)

HDCP quebrado

Pesquisadores alemães quebraram a criptografia HDCP da Intel, usada para proteção de filmes em DVD e Blu-ray contra cópias piratas.

O protocolo HDCP (High-bandwidth Digital Content Protection) é usado em praticamente todos os equipamentos com entrada HDMI ou DVI, como os computadores ou as TVs de tela plana.

Ele é usado para passar o conteúdo digital de uma mídia protegida contra cópia, como um disco Blu-ray, para a tela, usando um canal criptografado.

Hardware simples e barato

Em 2010, uma chave HDCP chegou a ser divulgada na internet, mas a Intel afirmou que a proteção continuava firme, uma vez que, para usar aquela chave, seria necessário que alguém construísse um hardware específico que seria caro e complexo.

O Dr. Tim Guneysu e Benno Lomb, da Universidade de Ruhr, não acharam a coisa assim tão complicada.

Eles usaram uma placa FPGA (Field-Programmable Gate Array) comprada no comércio a um custo de R$500,00 para empreender um ataque do tipo "homem no meio", ou intermediário (man-in-the-middle attack).

"Nós desenvolvemos uma solução de hardware independente, baseado em uma placa FPGA barata. Nós conseguimos capturar a linha de dados HDCP criptografada, decifrá-la e então enviamos o conteúdo digital para uma tela não-protegida por meio de um receptor compatível com HDMI 1.3," explica o pesquisador.

Trabalho de estudante

O aparato de hardware inclui uma placa ATLYS, fabricada pela Digilent, e uma placa FPGA Spartan-6 da Xilinx, que recebeu as interfaces HDMI e uma porta serial RS232 para comunicação.

"O fato de que alcançamos nosso objetivo em uma tese de mestrado, e usando materiais que custam aproximadamente 200 euros, definitivamente não depõe a favor da segurança do atual sistema HDCP," concluiu Guneysu, que ressaltou que a intenção da pesquisa não foi incentivar a pirataria, mas avaliar a segurança do sistema.

Na prática, o trabalho não tem nenhum efeito sobre a pirataria, uma vez que os infratores geralmente copiam o disco inteiro, com criptografia e tudo, não precisando ter tanto trabalho.

A Intel respondeu que acredita que "esta tecnologia continuará sendo efetiva". Contudo, em vez de apontar uma solução técnica, a empresa apelou para a lei, mais especificamente para o Digital Millennium Copyright Act.

Redação do Site Inovação Tecnológica

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Murar o medo – Mia Couto

miacouto [Papo Cabeça] Murar o medo – Mia Couto

Mia Couto, nascido António Emílio Leite Couto, é um biólogo e escritor moçambicano. Chama-se Mia por causa dos gatos: “Eu era miúdo, tinha dois ou três anos e pensava que era um gato, comia com os gatos. Meus pais tinham que me puxar para o lado e me dizer que eu não era um gato. E isto ficou.”
Em uma conferência sobre segurança, realizada em maio de 2011, o poeta-gato fala – com extrema sensibilidade – sobre o medo que nos aprisiona, silencia, o medo que nos impede de olhar o outro e descobrir as belezas do desconhecido. Escutemos, pois, a maravilhosa fala do escritor:



Murar o medo – Mia Couto

O medo foi um dos meus primeiros mestres. Antes de ganhar confiança em celestiais criaturas, aprendi a temer monstros, fantasmas e demónios. Os anjos, quando chegaram, já era para me guardarem, servindo como agentes da segurança privada das almas. Nem sempre os que me protegiam sabiam da diferença entre sentimento e realidade. Isso acontecia, por exemplo, quando me ensinavam a recear os desconhecidos. Na realidade, a maior parte da violência contra as crianças sempre foi praticada não por estranhos, mas por parentes e conhecidos. Os fantasmas que serviam na minha infância reproduziam esse velho engano de que estamos mais seguros em ambientes que reconhecemos. Os meus anjos da guarda tinham a ingenuidade de acreditar que eu estaria mais protegido apenas por não me aventurar para além da fronteira da minha língua, da minha cultura, do meu território.

O medo foi, afinal, o mestre que mais me fez desaprender. Quando deixei a minha casa natal, uma invisível mão roubava-me a coragem de viver e a audácia de ser eu mesmo. No horizonte vislumbravam-se mais muros do que estradas. Nessa altura, algo me sugeria o seguinte: que há neste mundo mais medo de coisas más do que coisas más propriamente ditas.

No Moçambique colonial em que nasci e cresci, a narrativa do medo tinha um invejável casting internacional: os chineses que comiam crianças, os chamados terroristas que lutavam pela independência do país, e um ateu barbudo com um nome alemão. Esses fantasmas tiveram o fim de todos os fantasmas: morreram quando morreu o medo. Os chineses abriram restaurantes junto à nossa porta, os ditos terroristas são governantes respeitáveis e Karl Marx, o ateu barbudo, é um simpático avô que não deixou descendência.

O preço dessa construção [narrativa] de terror foi, no entanto, trágico para o continente africano. Em nome da luta contra o comunismo cometeram-se as mais indizíveis barbaridades. Em nome da segurança mundial foram colocados e conservados no Poder alguns dos ditadores mais sanguinários de que há memória. A mais grave herança dessa longa intervenção externa é a facilidade com que as elites africanas continuam a culpar os outros pelos seus próprios fracassos.

A Guerra-Fria esfriou mas o maniqueísmo que a sustinha não desarmou, inventando rapidamente outras geografias do medo, a Oriente e a Ocidente. E porque se trata de novas entidades demoníacas não bastam os seculares meios de governação… Precisamos de intervenção com legitimidade divina… O que era ideologia passou a ser crença, o que era política tornou-se religião, o que era religião passou a ser estratégia de poder.

Para fabricar armas é preciso fabricar inimigos. Para produzir inimigos é imperioso sustentar fantasmas. A manutenção desse alvoroço requer um dispendioso aparato e um batalhão de especialistas que, em segredo, tomam decisões em nosso nome. Eis o que nos dizem: para superarmos as ameaças domésticas precisamos de mais polícia, mais prisões, mais segurança privada e menos privacidade. Para enfrentar as ameaças globais precisamos de mais exércitos, mais serviços secretos e a suspensão temporária da nossa cidadania. Todos sabemos que o caminho verdadeiro tem que ser outro. Todos sabemos que esse outro caminho começaria pelo desejo de conhecermos melhor esses que, de um e do outro lado, aprendemos a chamar de “eles”.

Aos adversários políticos e militares, juntam-se agora o clima, a demografia e as epidemias. O sentimento que se criou é o seguinte: a realidade é perigosa, a natureza é traiçoeira e a humanidade é imprevisível. Vivemos – como cidadãos e como espécie – em permanente situação de emergência. Como em qualquer estado de sítio, as liberdades individuais devem ser contidas, a privacidade pode ser invadida e a racionalidade deve ser suspensa.

Todas estas restrições servem para que não sejam feitas perguntas [incomodas] como, por exemplo, estas: porque motivo a crise financeira não atingiu a indústria de armamento? Porque motivo se gastou, apenas o ano passado, um trilião e meio de dólares com armamento militar? Porque razão os que hoje tentam proteger os civis na Líbia são exatamente os que mais armas venderam ao regime do coronel Kadaffi? Porque motivo se realizam mais seminários sobre segurança do que sobre justiça?

Se queremos resolver (e não apenas discutir) a segurança mundial – teremos que enfrentar ameaças bem reais e urgentes. Há uma arma de destruição massiva que está sendo usada todos os dias, em todo o mundo, sem que sejam precisos pretextos de guerra. Essa arma chama-se fome. Em pleno século 21, um em cada seis seres humanos passa fome. O custo para superar a fome mundial seria uma fracção muito pequena do que se gasta em armamento. A fome será, sem dúvida, a maior causa de insegurança do nosso tempo.

Mencionarei ainda outra silenciada violência: em todo o mundo, uma em cada três mulheres foi ou será vítima de violência física ou sexual durante o seu tempo de vida… A verdade é que… pesa uma condenação antecipada pelo simples facto de serem mulheres.

A nossa indignação, porém, é bem menor que o medo. Sem darmos conta, fomos convertidos em soldados de um exército sem nome, e como militares sem farda deixamos de questionar. Deixamos de fazer perguntas e de discutir razões. As questões de ética são esquecidas porque está provada a barbaridade dos outros. E porque estamos em guerra, não temos que fazer prova de coerência nem de ética nem de legalidade.

É sintomático que a única construção humana que pode ser vista do espaço seja uma muralha. A chamada Grande Muralha foi erguida para proteger a China das guerras e das invasões. A Muralha não evitou conflitos nem parou os invasores. Possivelmente, morreram mais chineses construindo a Muralha do que vítimas das invasões do Norte. Diz-se que alguns dos trabalhadores que morreram foram emparedados na sua própria construção. Esses corpos convertidos em muro e pedra são uma metáfora de quanto o medo nos pode aprisionar.

Há muros que separam nações, há muros que dividem pobres e ricos. Mas não há hoje no mundo muro que separe os que têm medo dos que não têm medo. Sob as mesmas nuvens cinzentas vivemos todos nós, do sul e do norte, do ocidente e do oriente… Citarei Eduardo Galeano acerca disso que é o medo global:

“Os que trabalham têm medo de perder o trabalho. Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho. Quem não têm medo da fome, têm medo da comida. Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas, as armas têm medo da falta de guerras.”

E, se calhar, acrescento agora eu, há quem tenha medo que o medo acabe.

Mia Couto

Um livro nunca deixará você na mão

A campanha abaixo possui um apelo simples e inquestionável: ter um livro nas mãos ainda é melhor que utilizar qualquer dispositivo eletrônico de leitura. Como acredito que esta seja uma verdade óbvia, e que dificilmente alguém vai preferir ler um e-book a um livro impresso, acredito que os criativos quiseram sugerir a você que largue um pouco a internet e leia um livro. Afinal, ninguém precisa ser convencido a largar um e-book para ler um livro impresso. Seja como for, retirei as peças do 16º anuário do Festival de Publicidade de Nova York, medalha de ouro, o que significa que a idéia é boa.

A criação é da Young & Rubican de Dubai.

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Tem lugares que só um livro pode te levar

Não importa quanto dinheiro ou tempo você tenha para viajar, para ir a certos lugares só mesmo através de um bom livro. É barato, você não enfrenta filas e pode voltar quando quiser. Essa campanha publicitária de incentivo à leitura foi criada pela agência Fuel (Portugal) para a livraria Saída de Emergência.


saidadeemergenciapublis [Leia Mais] Tem lugares que só um livro pode te levar

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Cuidado com quem lê

Conhecimento sempre foi uma ameaça quando se trata de manter a população obediente e ordeira. Na idade média, tentando frear o avanço do protestantismo, a igreja católica criou o index librorum proibitorum, ou índice de livros proibidos. Aos poucos, a lista foi crescendo e cercando outros tipos diversos de ameaças à fé, só tendo sido extinta em 1948.

No livro Em nome da Rosa, de Umberto Eco, tomamos conhecimento de outra prática que também teria sido usada na mesma época. Para impedir a disseminação de informações, os livros eram envenenados, e acabavam matando os leitores, que tinham o hábito de molhar a ponta do dedo na língua para virar as páginas.

Também era muito comum que ao conquistar uma cidade, o exército inimigo simplesmente queimasse todos os livros do povo dominado. Mas ficando apenas no mundo da literatura, impossível não citar livros como Farenheit 451 e 1984, que bem mostraram a relação entre o poder e o controle das informações. No livro bíblico de Gênesis, Adão e Eva também são punidos por provarem da “árvore do conhecimento”, em um possível incentivo à obediência em detrimento de um pensamento mais questionador. Como se pode ver, conhecimento é um bom negócio. Sem ele ainda estaríamos andando peladões por aí.

Por um mundo com mais livros e leitores


Se você tem um livro pegando poeira em casa, que tal vender, trocar, doar, emprestar ou libertar? Ajude a construir um mundo com mais leitores e mais livros.

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Ficha Técnica:
Diretor de Criação: Marcelo Benini e Patrícia Rosset
Diretor de Arte: Magdy Blass Selmy
Redator: Elaine Cipriano Maniçoba
Produtor: Joélia Aguiar
Ilustrador: Nelson Cordeiro
Agência: Comunicata

Clássicos da literatura invadindo os seus ouvidos

Essa campanha de posters da Young & Rubican Malásia para seu cliente Penguin Books ganhou Leão de Bronze em Outdoor no Festival de Cannes 2011. Os Cartazes anunciam os audiobooks da empresa de uma forma bem lúdica e inusitada, fazendo os personagens dos livros entrarem pelo canal do ouvido.

As referências são, respectivamente: O Livro da Selva, de Rudyard Kipling (mais conhecido pela sua adaptação para o cinema através do filme Mogli, o Menino Lobo), O Flautista de Hamelin, famoso conto dos Irmãos Grimm, e finalmente O Mágico de Oz, conto de L. Frank Baum, também possui uma imortal adaptação para o cinema, vencedora dos Oscar (1940) de Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original (Over the Rainbow). Clique nas imagens para ver ampliado.

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Brasileiro não gosta de ler brasileiro

maisvendidos [Papo Cabeça] Brasileiro não gosta de ler brasileiro

Brasileiro não gosta de ler escritor brasileiro. Basta conferir nas listas “dos mais vendidos” que saem nos cadernos culturais e nas revistas semanais. Pegue as listas da Veja, por exemplo. Se for obra de ficção o cara só vai encontrar “best-seller” de escritor estrangeiro, norte-americano de preferência. Na  da Veja desta semana dos dez livros de ficção mais vendidos, 8 são de autores norte-americanos, 1 canadense e 1 (viva!) brasileiro. Só que o patrício, de nome Augusto Cury, psiquiatra, joga mais no time de escritores tipo autoajuda e não entendi como chegou à categoria de ficção.

A campeoníssima é a escritora Stephanie Meyer, dos Estados Unidos. Está no placar com quatro livros, sendo que um deles, “Crepúsculo”, tem lugar cativo na lista há 85 semanas. Outra norte-americana, L.S. Smith, comparece com dois livros. Os outros gringos são Dan Brown e Rick Riordan, americanos, e William Young, canadense, que fala muito do amor de Deus em sua literatura. Europa toda de fora; escritor latino-americano nem pensar. Africano faz muito tempo que não é citado e olhe, cara, que tem muita gente boa, alguns com o Nobel brilhando no peito, isso sem falar em Mia Couto, Pepetela, Manoel Lopes, José Craverinha, Helder Macedo, José Eduardo Agualusa, Ondjaki, Agostinho Neto, Gonçalo M. Tavares, africanos que falam e escrevem em língua portuguesa.

Entre os  leitores natalenses, claro, acontece o mesmo “fenômeno”. Confiro na lista da Siciliano, que sai colada à coluna de Carlos Souza, “Toque – Livros & Cultura”, todas as quartas-feiras nesta brava Tribuna do Norte, às vésperas (será em março) de comemorar 60 anos. Um detalhe: no placar dos livros de ficção mais vendidos na Siciliano de Natal não há nenhum autor brasileiro. Só a danada da americana Stephanie Meyer ocupa a metade da lista dos “10 mais”.

Se for livro de Poesia, aí, então, é uma verdadeira catástrofe. Em lista nenhuma encontra-se um livro de poema, um só. Nem de poeta de além mar, nem de nativo das praias de cá. Nem um Fernando Pessoa, nem um Carlos Drummond de Andrade. Nem na Veja nem na Siciliano. Bom, na lista da Siciliano, abre-se,  aqui e acolá uma exceção, mormente dias após o lançamento para livro de poeta desta aldeia de Poti mais esquecida. Olhe lá.

Nem os premiados

Nem entre os autores brasileiros premiados, em cujos céus flutua a nata de nossa literatura, são encontrados nas listas dos “10 mais lidos”. Brasileiro também não gosta de ler escritor premiado. Estou aqui com a relação dos premiados nos três mais importantes prêmios literários do país, ano passado, e não vejo nenhum deles em lista nenhuma. Os prêmios são o Jabuti – o mais antigo dos três -, o Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa e o Prêmio São Paulo de Literatura, este pagando uma nota de 200 mil reais ao vencedor.

Jabuti de 2009, categoria Romance, foi para o escritor gaúcho Moacyr Scliar, com Manual da Paixão Solitária. O segundo lugar ficou com o amazonense Milton Hatoum, Órfãos do Eldorado. Na categoria Poesia, venceu Alice Ruiz S. com Dois em um. Ela é paranaense e tem mais de vinte livros publicados. Os três estão ausentes.

O vencedor do Prêmio Telecom foi o escritor e artista plástico paulista Nuno Ramos, com o romance Ó, que eu não vi ainda em nenhuma lista. Nem daqui e nem de fora. O cara enfrentou feras, entre eles um verdadeiro escrete de escritores portugueses começando por José Saramago (A viagem do elefante), António Lobo Antunes (Ontem não te vi em Babilônia), Inês Pedrosa (A eternidade e o desejo), Gonçalo M. Tavares (Aprender a rezar na era da técnica) e Miguel de Souza Tavares (Rio das Flores).

O romance de Nuno Ramos foi um dos livros que mais me encantou em minhas leituras do ano passado. O poeta Alex Nascimento, que o leu numa noitada só, anda dizendo loas para o livro. Também não está na lista da Siciliano, mas foi lá onde eu peguei.

ronaldobe [Papo Cabeça] Brasileiro não gosta de ler brasileiro

Nem Galiléia

O prêmio literário brasileiro de maior valor em dinheiro, o São Paulo de Literatura de 2009,  coube a um escritor nordestino: Ronaldo Correia de Brito. Excelente contista, estreava no romance com Galiléia, escolhido como o “Livro do Ano de 2008”. Não me lembro de ter visto Galiléia nas listas dos 10 livros mais vendidos no Recife, onde vive o escritor, nem na lista dos jornais do Ceará, onde ele nasceu. Na revista Veja, nem pensar. Mas ler Ronaldo Correia de Brito, que andou por aqui ano passado na Festa Literária de Pipa, é uma delícia. Conversar com ele, também.

O gancho que me levou a essas notas partiu de uma leitura de revistas e jornais que o Marechal Porpa (Luiz Antônio Porpino) me trouxe de Portugal, por onde andou recentemente depois de escorregar nas neves da Alemanha e Holanda. Conferi em “NS”, revista semanal que sai na edição de sábado do Diário de Notícias, de Lisboa, as novidades literárias de Portugal. Fui à lista dos “mais vendidos”. Ficção. Lá são cinco.  Quatro são portugueses e um norte-americano. O gringo é o Dan Brown, que aparece nas listas brasileiras (Veja). É o mesmo autor de “O Código da Vinci” e que agora reina nos best-selers com “Símbolo Perdido”. Lá e cá.

Os portugueses são: José Rodrigues dos Santos (Fúria Divina), nascido em Moçambique e que também integra o time dos mais importantes jornalistas de Portugal, Margarida Rebelo Pinto (O dia em que te esquecerei), José Saramago (Caim) e Ricardo Araújo Pereira (Novas Crônicas da Boca do Inferno). A revista do DN, edição de 2 a 8 de janeiro, abre ainda espaços para Garcia Lorca e Albert Camus

O número de 26 de dezembro de 2009 a 1 de janeiro traz textos de Inês Pedrosa, Gonçalo M. Tavares, Irene Pimentel, José Luís Peixoto, José Tolentino Mendonça, Lídia Jorge, Margarida Rebelo Pinto, Nuno Júdice, Rita Ferro e Vasco Graça Moura sobre fotos de alguns dos principais fatos ocorridos no mundo. Faz resenhas também dos últimos livros de Saramago (Caim) e Antônio Lobo Antunes (Que cavalos são aqueles que fazem sobra no mar), apontando-o como “candidato ao melhor romance do ano”.

Fernando Pessoa

Na secção de Livros do Jornal de Negócios tem o registro do lançamento do livro de Fernando Pessoa. Livro de Viagem, afirmando que é “sempre agradável viajar à boleia de seus poemas”. Tem uns versos que eu destaco: O comboio abranda, é o Cais de Sodré. / Cheguei a Lisboa, mas não a uma conclusão.


Fonte: Tribuna do Norte, de Natal

O hábito faz o leitor – Um papo sobre e-books, leitura e neurociência


A americana Maryanne Wolf é uma das maiores especialistas na área da neurociência que estuda os efeitos da leitura no cérebro, tema sobre o qual já escreveu mais de uma dezena de livros. Hoje, ela se dedica a entender, cientificamente, como as pessoas assimilam conhecimento por meio de novas tecnologias, como o e-book. De Boston, onde comanda um centro de pesquisas na Universidade Tufts, Maryanne falou à repórter de Veja Renata Betti.

Suas pesquisas indicam que ler um livro digital não é o mesmo que no papel. Por quê?

A observação sistemática mostra que, com o e-book, as pessoas tendem a acelerar o ritmo de leitura e a absorver menos conteúdo. Isso porque a tela remete à ideia de que é preciso vencer etapas a cada instante, antes que a bateria termine ou que se perca a conexão. Ainda faltam, no entanto, evidências baseadas na neurociência, como as que já existem sobre a internet.

O que já se sabe sobre a leitura na rede?

Ela é mais superficial, segundo revelam as imagens dos neurônios quando alguém está diante do computador. As fotos mostram, com nitidez, que o circuito formado entre as áreas do cérebro envolvidas na leitura não chega, nesse caso, àquela região em que ela seria processada de maneira mais analítica.

Por que isso acontece?

A internet provê um excesso de estímulos que acabam atrapalhando. Enquanto você lê Shakespeare, não param de aparecer na tela pop-ups e e-mails. É naturalmente difícil manter a concentração e fazer uma leitura de padrão mais elevado, que abra espaço para um alto grau de processamento de ideias. A habilidade para ler deve ser treinada.

Como, exatamente?

Simples: lendo todo dia. Não existe no cérebro nada como uma estrutura previamente concebida para a leitura – é preciso construí-la e aprimorá-la. Funciona como no esporte: quanto mais se pratica, melhor é o resultado.

Como a neurociência explica a formação de tal estrutura no cérebro?

A repetição da leitura faz o cérebro desenvolver um circuito que passa a conectar, em questão de milésimos de segundo, três áreas distintas: a da visão, a da linguagem e uma que se encarrega de dar significado às palavras. Esse mesmo roteiro pode levar até 100 vezes mais tempo, caso a pessoa não tenha o hábito de ler. Seu cérebro fica tomado com a tarefa básica de decodificar o texto – e não consegue ir muito além disso.

Como alcançar um avançado estágio de leitura por meio das novas tecnologias?

É preciso enfatizar à atual geração multitarefas que leitura demanda altíssima atenção e não é conciliável com nenhuma outra atividade. Feita a ponderação, novas tecnologias, como o e-book, são mais do que bem-vindas. Elas têm ajudado, afinal, a despertar o interesse pelos livros num momento em que isso nunca foi tão difícil.

Os livros do futuro já estão aí, goste você ou não

 [Papo Cabeça] Os livros do futuro já estão aí, goste você ou não

Eu sempre digo que não existe “A” melhor invenção da história, e sim um conjunto delas. Pra mim foram três: a linguagem escrita (alfabeto e formação de palavras), o papel e a caneta. Sério, poderia ser um prisioneiro encarcerado numa solitária muitíssimo apertada, mas não enlouqueceria se tivesse bons livros e revistas a mão, e papel e caneta pra escrever as insanidades que viessem a mente.

Hoje o papel, embora ainda absurdamente utilizado (principalmente em órgãos públicos), começa a diminuir de circulação. Basta dizer que num mísero pen drive de 512 MB cabem uns 400 livros de umas duzentas páginas cada. Pense então quantos livros estão no seu PC. E na internet? E as fotos não-reveladas que economizam papel fotográfico? A Era Digital está aí para economizar papel… e sola de carteiro.

Bom, documentos, planilhas e essas coisas com durabilidade baixa, foram rapidamente para o computador, circulando em e-mails ao invés de carrinhos (se bem que no Judiciário a coisa é feia…). Mas, livros e quadrinhos ainda estão no papel, e isso não vai mudar tão cedo, assim como os cadernos de faculdade, que teimam em não serem substituídos.

Os primeiros passos na direção da substituição dos livros por versões digitais já estão sendo dados com os e-books reader. Na verdade, o maior obstáculo é fazer um gadget com tamanho parecido com o de um livro, assim como uma tela confortável para a leitura de centenas de páginas seguidas (quadrinhos vão ficar em papel por várias décadas ainda… a não ser que inventem um reader versão Absolute, ou algo do gênero).

O primeiro a pintar no mercado foi o Kindle, da Amazon, que foi contra tudo que a internet ensinou sobre NÃO usar formato proprietário. E apesar da multidão de promessas que a Amazon fez, a chegada do Kindle 2, em fevereiro desse ano melhorou um pouco as coisas, com uma tela melhor, e um layout um pouco mais moderno.

Há poucos meses, em junho para ser mais exato, chegou a terceira versão do livro do futuro. Na verdade não tão a terceira, já que é o Kindle DX que é o substituto formal do primeiro Kindle, sendo o 2, um puro engano. As melhorias foram várias. A melhor, na minha opinião, diz respeito a aceitação de formato PDF (o que garante ler qualquer coisa, já que não é nada difícil transformar um documento em PDF), o que já adiciona uma infinidade de livros a sua e-biblioteca. Mas também temos uma expansão da memória nativa para 4GB (o anterior possuía 1GB), menos de 1cm de espessura, inclinômetro no melhor estilo iPhone e uma boa distribuição dos botões.

A tela de e-ink (agora com 10 polegadas, ao invés das 6’ do anterior), já praticamente um padrão em e-books, não gasta bateria enquanto se lê, apenas para passar páginas, o que ele suporta fazer umas 10 mil vezes com uma carga de bateria. Como ponto negativo se destaca o sumiço da entrada de cartões SD, presente no primeiro Kindle.
É um belo aparelho, embora eu daria mais prioridade a compra de um Tablet PC, mais robusto e com mais recursos.

 [Papo Cabeça] Os livros do futuro já estão aí, goste você ou não


E outras empresas já estão de olho no filão de mercado dos e-books. O Google já afirmou que pretendo entrar, ainda esse ano, no negócio de venda de livros digitais, trazendo acordos com editores e (possivelmente) aumentando os preços de US$ 9,99 praticados pela Amazon na venda de seus livros para o Kindle.

Um desses concorrentes é o Reader da Sony, que de bom só carrega a marca (que já perdeu muito do seu poder, diga-se de passagem). Fica muito atrás do Kindle, mas tem a vantagem de possuir um melhor preço (seu modelo mais caro custa US$ 299,00, enquanto o Kindle mais barato custa isso) e uma tela touchscreen.

A Samsung também lançou seu próprio reader, chamado SNE-50K, com tela de 5’ também touchscreen, custando US$ 280, mas ainda restrito ao mercado sul coreano. Ele possui também 512 MB de memória e uma autonomia de bateria de 4320 viradas de página. Fora isso possui apenas 9mm de espessura e 200 gramas.

Bem, as opções estão aí (tem até brazuca na jogada), e o processo é irreversível. Mais cedo ou mais eu e você teremos os nossos e as livrarias deixarão de existir (OK, não tenho certeza nessa parte), embora ainda goste muito dos meus livros e HQs de papel.

Por "Voz do Além", no  Nerds Somos Nozes

O Futuro (e o fim?) do Livro

                      Reportagem extraída da Revista Superinteressante

superinteressantepdltop [Papo Cabeça] O Futuro (e o fim?) do Livro

Ele tomou um banho de tecnologia e ganhou superpoderes. Ficou ágil, coletivo e revolucionário. Sua velha versão ainda resiste – mas por quanto tempo?

Todos os meses cerca de 20 pessoas comparecem a um encontro marcado em um prédio na região de Pinheiros, em São Pauio. É um grupo heterogêneo. Ali tem advogado, empresário, executivo, consultor. Eles se reúnem porque possuem algo em comum – sabem que o futuro de todos ali está ameaçado. Pra que você entenda o que está acontecendo, vamos às explicações. O prédio de Pinheiros é a sede da Câmara Brasileira do Livro. O pessoal que se reúne lá é formado, na maioria, por representantes de editoras e distribuidoras de livros. E o que os preocupa é um concorrente que vem desafiando o reinado do livro impresso, mantido há 6 séculos, desde a Bíblia de Gutenberg: o livro digital. “A tecnologia está avançando rapidamente. E nós, produtores de livros, ainda estamos presos ao papel”. diz Henrique Farinha, coordenador do grupo e diretor da Editora Gente.

O comandante desse ataque à literatura de papel tem um nome: Kindle. É o leitor eletrônico de livros lançado pela loja virtual americana Amazon. uma tela digital capaz de reproduzir as páginas de qualquer livro, ainda que com algumas limitações. Tem enormes vantagens na disputa com o papel. Digamos que você está lendo esta SUPER enquanto descansa numa paradisíaca praia do Nordeste. Você se interessou pela entrevista com Dan Ariely, na página 34, e resolveu comprar o livro Previsivelmente Irracional de autoria dele. Basta tirar o Kindle da mochila, navegar com ele pelo site da Amazon e fazer a compra na hora. Em coisa de um minuto, você terá o livro inteiro disponível no aparelho. Não é feitiçaria. é tecnologia – uma função wireless parecida com a de alguns celulares. O pagamento seria feito com o cartão de crédito. O preço: USS 9.99. uns RS 19 reais. Bem mais barato que o livro impresso. que custaria o equivalente a RS 31 na mesma loja. Sem contar que daria para ler ali, com o pé pra cima, qualquer outro livro que você já tivesse comprado pelo Kindle. O bichinho armazena mais de 1 500 obras. É o mesmo que carregar por aí uma biblioteca formada durante toda a vida.

A praticidade é a sacada revolucionária que fez do Kindle um hit entre os americanos, por enquanto os únicos a aproveitar suas funcionalidades (a rede wireless usada para venda dos livros ainda não funciona em outros países). Segundo a Amazon. um livro que tenha uma versão digital para o Kindle vende 35% mais cópias. De cada 4 exemplares vendidos de uma obra. um já é digital. Tem até gente pedindo autógrafo pra escritor no e-reader. (Aconteceu de verdade em Nova York, com o humorista David Sedaris. no lançamento de seu livro Engolido pelas Labaredas, no ano passado.) E olha que o Kindle ainda vive a sua infância. A tela já mostra texto e imagens, mas em branco e preto. Cores? Só daqui a alguns anos, segundo JeffBezos, o presidente da Amazon.

Conclusão 1: para os nossos amigos lá na Câmara Brasileira do Livro: o livro digital já pegou. Conclusão 2: se ficar ainda melhor, vai nocautear o livro impresso. Para piorar, uma legião de soldados vem na retaguarda do Kindle. tão ansiosa para vencer a batalha quanto seu líder. Os outros e-readers no mercado estão se sofisticando. Caso do Reader Digital Book. da Sony. Lançado em 2006, ele acabou de ganhar uma turbinada. Em março, a Sony disponibilizou para os donos de seu e-reader mais de 1 milhão de livros clássicos – de graça. Comor Uma parceria com o Google, que vem digitalizando obras por meio de acordos com editoras. Aliás, são textos que estão dispo níveis para a leitura também na internet. Basta entrar no Google Books – há outros 6 milhões de livros lá.

Sem contar que dá para ler um livro até pelo celular. Por enquanto, a coisa funciona graças ao Kindle – você baixa um aplicativo da Amazon pelo iPhone e manda ver na leitura. Mas já tem gente apostando que a Apple vem aí com uma idéia jobsiana para transformar o iPhone em um e-reader sofisticado. No Brasil, nada disso vale ainda. O primeiro a chegar deve ser criação tupiniquim mesmo: o Braview.

superinteressantepdlmei [Papo Cabeça] O Futuro (e o fim?) do Livro

E eu com isso?

Beleza, o livro digital é mais prático e barato do que o impresso. E daír Daí que a transição vai mexer diretamente com a sua vida. Veja este caso: na cidade inglesa de Hacknev, a escola City Academy vai adotar e-books em formato PDF para ensinar seus alunos, uma criançada de 11 a 16 anos. Nada mais de livros convencionais. Para viabilizar a digitalização, a escola está trabalhando com editoras de livros que compõem o currículo escolar. Chega de ver criancinhas com mochilas de 3, 4, 5 quilos nas costas. No caso do Kindle, tudo caberia em menos de 300 gramas. O mesmo que você teria de carregar se saísse de férias e levasse 5 livros pra ler na viagem.

A dor na coluna vai diminuir. Mas a dor no bolso pode aumentar. É verdade, os e-books custam menos do que o livro impresso. O problema é que um modelo como o Kindle permite que você tenha um livro no momento em que quiser – nem sobra tempo para pensar duas vezes. É a oportunidade perfeita para as compras por impulso. E quem é mão de vaca não vai ter moleza pra pegar livro dos outros. Hoje, não dá para emprestar as obras digitais para os parentes ou amigos. A exceção é o Cool-er. da fabricante britânica ínteread. que deixa você repassar um arquivo para até 4 pessoas.

O livro digital também pode transformar a leitura em um ato coletivo. Não. não é que você vai reunir a galera pra contar historinha. É só a influência da web 2.0. Sabe aquelas anotações que a gente faz no canto da página? Com o livro em bibliotecas como a do Google, vai dar para ler seu conteúdo e deixar anotações para o próximo leitor. Teríamos acesso aos pensamentos e referências que outra pessoa, que nem conhecemos, deixou ali.

Bacana, não é? Mas as mudanças podem não ser tão positivas para o pessoal da indústria do livro, como aquele grupo do começo da reportagem. Pense aqui com a gente: se não vamos precisar de papel, tinta e distribuição pra fazer e vender livros…pra que servirão as editoras e distribuidoras? Aí é que o bicho pega. Autores best sellers não precisam de tanta orientação ou promoção pra vender livros. Poderiam cortar os intermediários e negociar direto com as lojas. Isso aumentaria a participação nos lucros. O movimento já começou: a Interead, aquela do Cool-er, ofereceu 50% do dinheiro das vendas para os escritores que coloquem seus livros à venda no site do e-reader, o Coolerbooks.com. Uma editora tradicional costuma pagar até 10%. Mas e os autores menos famosos? Eles ainda precisam das editoras. E a morte delas pode ser a morte de grande parte da boa literatura. Ou não: talvez qualquer um possa escrever um livro e colocar na internet. São questões ainda sem resposta.

De qualquer jeito, o modelo tradicional não vai desaparecer da noite para o dia – as vendas de livros eletrônicos não passam de 2″ o do mercado livreiro, e isso nos países em que o e-reader já é realidade. Mesmo assim, editoras e lojas estão se mexendo, seja digitalizando o catálogo, seja criando negócios no mundo virtual. Elas têm, no entanto, uma dor de cabeça maior pela frente. No empenho para consolidar seu leitor eletrônico, a Amazon cravou um preço para a venda da maioria de seus livros.- USS 9.99 – enquanto um título em capa dura custa em média entre US$ 25 e USS 35. Só que a própria Amazon paga entre USS 12 e USS 13 pra comprar obras das editoras. Ou seja, tem prejuízo. É uma aposta para o futuro: o preço baixo ajuda a atrair clientes a rodo. isso pode pressionar as editoras a baixar os preços para competir, sacrificando os lucros. E talvez as levando à falência. Só a Amazon se daria bem. porque teria a clientela formada e conseguiria colocar o negócio no azul.

Até as bibliotecas terão de aprender a viver nessa nova ordem. No exterior, os bibliotecários estão se especializando em pesquisas online. Querem ser profissionais preparados para ajudar estudantes e interessados a filtrar informações encontradas em sites. “Tem muito lixo na internet. As pessoas assumem como verdade qualquer informação achada na Wikipedia”, diz Nêmora Rodrigues, presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia. “O bibliotecário precisará indicar o caminho para as fontes mais relevantes e fidedignas.”

Pois é, o livro eletrônico chegou botando banca. Mas o fato é que ele ainda não chegou de verdade. Há muito a ser aprimorado até que os aparelhos e bibliotecas online caiam nos braços do povo. “O livro impresso terá seu espaço até aparecer um leitor eletrônico que seja acessível, agradável de usar e tenha um formato atraente. A questão é quando vai surgir”. diz Henrique Farinha. De qualquer forma, o ringue está pronto. E o livro impresso, com suas capas coloridas, o cheiro de tinta e uma experiência de tato ainda inigualável, terá de barrar o ímpeto de seu oponente – mais jovem e cheio de novidades. Antes que o novato vire um produto a que nem o leitor mais conservador consiga resistir.

‘Eletrônicos duram 10 anos; livros, 5 séculos’, diz Umberto Eco

Umberto Eco assina novo trabalho em parceria com o roteirista francês Jean-Claude Carrière.

umberto eco wideweb  470x3140 [Papo Cabeça] Eletrônicos duram 10 anos; livros, 5 séculos’ (Umberto Eco)

Ensaísta e escritor italiano fala em entrevista exclusiva de seu novo trabalho, "Não Contem com o Fim do Livro"

MILÃO – O bom humor parece ser a principal característica do semiólogo, ensaísta e escritor italiano Umberto Eco. Se não, é a mais evidente. Ao pasmado visitante, boquiaberto diante de sua coleção de 30 mil volumes guardados em seu escritório/residência em Milão, ele tem duas respostas prontas quando é indagado se leu toda aquela vastidão de papel. “Não. Esses livros são apenas os que devo ler na semana que vem. Os que já li estão na universidade” – é a sua preferida. “Não li nenhum”, começa a segunda. “Se não, por que os guardaria?”

Na verdade, a coleção é maior, beira os 50 mil volumes, pois os demais estão em outra casa, no interior da Itália. E é justamente tal paixão pela obra em papel que convenceu Eco a aceitar o convite de um colega francês, Jean-Phillippe de Tonac, para, ao lado de outro incorrigível bibliófilo, o escritor e roteirista Jean-Claude Carrière, discutir a perenidade do livro tradicional. Foram esses encontros (“muito informais, à beira da piscina e regados com bons uísques”, informa Umberto Eco) que resultaram em Não Contem Com o Fim do Livro, que a editora Record lança na segunda quinzena de abril.

A conclusão é óbvia: tal qual a roda, o livro é uma invenção consolidada, a ponto de as revoluções tecnológicas, anunciadas ou temidas, não terem como detê-lo. Qualquer dúvida é sanada ao se visitar o recanto milanês de Eco, como fez o Estado na última quarta-feira. Localizado diante do Castelo Sforzesco, o apartamento – naquele dia soprado por temperaturas baixíssimas, a neve pesada insistindo em embranquecer a formidável paisagem que se avista de sua sacada – encontra-se em um andar onde antes fora um pequeno hotel. “Se eram pouco funcionais para os hóspedes, os longos corredores são ótimos para mim pois estendo aí minhas estantes”, comenta o escritor, com indisfarçável prazer, ao apontar uma linha reta de prateleiras repletas que não parecem ter fim. Os antigos quartos? Transformaram-se em escritórios, dormitórios, sala de jantar, etc. O mais desejado, no entanto, é fechado a chave, climatizado e com uma janela que veda a luz solar: lá estão as raridades, obras produzidas há séculos, verdadeiros tesouros. Isso mesmo: tesouros de papel.

Conhecido tanto pela obra acadêmica (é professor aposentado de semiótica, mas ainda permanece na ativa na Faculdade de Bolonha) como pelos romances (O Nome da Rosa, publicado em 1980, tornou-se um best-seller mundial), Eco é um colecionador nato; além de livros, gosta também de selos, cartões-postais, rolhas de champanhe. Na sala de seu apartamento, estantes de vidro expõem tantos os livros raros – que, no momento, lideram sua preferência – como conchas, pedras, pedaços de madeira. As paredes expõem quadros que Eco arrematou nas visitas que fez a vários países ou que simplesmente ganhou de amigos – caso de Mário Schenberg (1914-1990), físico, político e crítico de arte brasileiro, de quem o escritor guarda as melhores recordações.

Aos 78 anos, Eco – que tem relançado no País Arte e Beleza na Estética Medieval (Record, 368 págs., R$ 47,90, tradução de Mario Sabino) – exibe uma impressionante vitalidade. Diverte-se com todo tipo de cinema (ao lado de seu aparelho de DVD repousa uma cópia da animação Ratatouille), mantém contato com seus alunos em Bolonha, escreve artigos para jornais e revistas e aceita convites para organizar exposições, como a que o transformou, no ano passado, em curador, no Museu do Louvre, em Paris. Lá, o autor teve o privilégio de passear sozinho pelos corredores do antigo palácio real francês nos dias em que o museu está fechado. E, como um moleque levado, aproveitou para alisar o bumbum da Vênus de Milo. Foi com esse mesmo espírito bem-humorado que Eco – envergando um elegante terno azul-marinho, que uma revolta gravata da mesma cor tratava de desalinhar; o rosto sem a característica barba grisalha (raspada religiosamente a cada 20 anos e, da última vez, em 2009, também porque o resistente bigode preto o fazia parecer Gengis Khan nas fotos) – conversou com a reportagem do Sabático.

O livro não está condenado, como apregoam os adoradores das novas tecnologias?

O desaparecimento do livro é uma obsessão de jornalistas, que me perguntam isso há 15 anos. Mesmo eu tendo escrito um artigo sobre o tema, continua o questionamento. O livro, para mim, é como uma colher, um machado, uma tesoura, esse tipo de objeto que, uma vez inventado, não muda jamais. Continua o mesmo e é difícil de ser substituído. O livro ainda é o meio mais fácil de transportar informação. Os eletrônicos chegaram, mas percebemos que sua vida útil não passa de dez anos. Afinal, ciência significa fazer novas experiências. Assim, quem poderia afirmar, anos atrás, que não teríamos hoje computadores capazes de ler os antigos disquetes? E que, ao contrário, temos livros que sobrevivem há mais de cinco séculos? Conversei recentemente com o diretor da Biblioteca Nacional de Paris, que me disse ter escaneado praticamente todo o seu acervo, mas manteve o original em papel, como medida de segurança.

Qual a diferença entre o conteúdo disponível na internet e o de uma enorme biblioteca?

A diferença básica é que uma biblioteca é como a memória humana, cuja função não é apenas a de conservar, mas também a de filtrar – muito embora Jorge Luis Borges, em seu livro Ficções, tenha criado um personagem, Funes, cuja capacidade de memória era infinita. Já a internet é como esse personagem do escritor argentino, incapaz de selecionar o que interessa – é possível encontrar lá tanto a Bíblia como Mein Kampf, de Hitler. Esse é o problema básico da internet: depende da capacidade de quem a consulta. Sou capaz de distinguir os sites confiáveis de filosofia, mas não os de física. Imagine então um estudante fazendo uma pesquisa sobre a 2.ª Guerra Mundial: será ele capaz de escolher o site correto? É trágico, um problema para o futuro, pois não existe ainda uma ciência para resolver isso. Depende apenas da vivência pessoal. Esse será o problema crucial da educação nos próximos anos.

Não é possível prever o futuro da internet?

Não para mim. Quando comecei a usá-la, nos anos 1980, eu era obrigado a colocar disquetes, rodar programas. Hoje, basta apertar um botão. Eu não imaginava isso naquela época. Talvez, no futuro, o homem não precise escrever no computador, apenas falar e seu comando de voz será reconhecido. Ou seja, trocará o teclado pela voz. Mas realmente não sei.

Como a crescente velocidade de processar dados de um computador poderá influenciar a forma como absorvemos informação?

O cérebro humano é adaptável às necessidades. Eu me sinto bem em um carro em alta velocidade, mas meu avô ficava apavorado. Já meu neto consegue informações com mais facilidade no computador do que eu. Não podemos prever até que ponto nosso cérebro terá capacidade para entender e absorver novas informações. Até porque uma evolução física também é necessária. Atualmente, poucos conseguem viajar longas distâncias – de Paris a Nova York, por exemplo – sem sentir o desconforto do jet lag. Mas quem sabe meu neto não poderá fazer esse trajeto no futuro em meia hora e se sentir bem?

É possível existir contracultura na internet?

Sim, com certeza, e ela pode se manifestar tanto de forma revolucionária como conservadora. Veja o que acontece na China, onde a internet é um meio pelo qual é possível se manifestar e reagir contra a censura política. Enquanto aqui as pessoas gastam horas batendo papo, na China é a única forma de se manter contato com o restante do mundo.

Em um determinado trecho de ‘Não Contem Com o Fim do Livro’, o senhor e Jean-Claude Carrière discutem a função e preservação da memória – que, como se fosse um músculo, precisa ser exercitada para não atrofiar.

De fato, é importantíssimo esse tipo de exercício, pois estamos perdendo a memória histórica. Minha geração sabia tudo sobre o passado. Eu posso detalhar sobre o que se passava na Itália 20 anos antes do meu nascimento. Se você perguntar hoje para um aluno, ele certamente não saberá nada sobre como era o país duas décadas antes de seu nascimento, pois basta dar um clique no computador para obter essa informação. Lembro que, na escola, eu era obrigado a decorar dez versos por dia. Naquele tempo, eu achava uma inutilidade, mas hoje reconheço sua importância. A cultura alfabética cedeu espaço para as fontes visuais, para os computadores que exigem leitura em alta velocidade. Assim, ao mesmo tempo que aprimora uma habilidade, a evolução põe em risco outra, como a memória. Lembro-me de uma maravilhosa história de ficção científica escrita por Isaac Asimov, nos anos 1950. É sobre uma civilização do futuro em que as máquinas fazem tudo, inclusive as mais simples contas de multiplicar. De repente, o mundo entra em guerra, acontece um tremendo blecaute e nenhuma máquina funciona mais. Instala-se o caos até que se descobre um homem do Tennessee que ainda sabe fazer contas de cabeça. Mas, em vez de representar uma salvação, ele se torna uma arma poderosa e é disputado por todos os governos – até ser capturado pelo Pentágono por causa do perigo que representa (risos). Não é maravilhoso?

No livro, o senhor e Carrière comentam sobre como a falta de leitura de alguns líderes influenciou suas errôneas decisões.

Sim, escrevi muito sobre informação cultural, algo que vem marcando a atual cultura americana que parece questionar a validade de se conhecer o passado. Veja um exemplo: se você ler a história sobre as guerras da Rússia contra o Afeganistão no século 19, vai descobrir que já era difícil combater uma civilização que conhece todos os segredos de se esconder nas montanhas. Bem, o presidente George Bush, o pai, provavelmente não leu nenhuma obra dessa natureza antes de iniciar a guerra nos anos 1990. Da mesma forma que Hitler devia desconhecer os relatos de Napoleão sobre a impossibilidade de se viajar para Moscou por terra, vindo da Europa Ocidental, antes da chegada do inverno. Por outro lado, o também presidente americano Roosevelt, durante a 2.ª Guerra, encomendou um detalhado estudo sobre o comportamento dos japoneses para Ruth Benedict, que escreveu um brilhante livro de antropologia cultural, O Crisântemo e a Espada. De uma certa forma, esse livro ajudou os americanos a evitar erros imperdoáveis de conduta com os japoneses, antes e depois da guerra. Conhecer o passado é importante para traçar o futuro.

Diversos historiadores apontam os ataques terroristas contra os americanos em 11 de setembro de 2001 como definidores de um novo curso para a humanidade. O senhor pensa da mesma forma?

Foi algo realmente modificador. Na primeira guerra americana contra o Iraque, sob o governo de Bush pai, havia um confronto direto: a imprensa estava lá e presenciava os combates, as perdas humanas, as conquistas de território. Depois, em setembro de 2001, se percebeu que a guerra perdera a essência de confronto humano direto – o inimigo transformara-se no terrorismo, que podia se personificar em uma nação ou mesmo nos vizinhos do apartamento ao lado. Deixou de ser uma guerra travada por soldados e passou para as mãos dos agentes secretos. Ao mesmo tempo, a guerra globalizou-se; todos podem acompanhá-la pela televisão, pela internet. Há discussões generalizadas sobre o assunto.

Falando agora sobre sua biblioteca, é verdade que ela conta com 50 mil volumes?

Sim, de uma forma geral. Nesse apartamento em Milão, estão apenas 30 mil – o restante está no interior da Itália, onde tenho outra casa. Mas sempre me desfaço de algumas centenas, pois, como disse antes, é preciso fazer uma filtragem.

Por que o senhor impediu sua secretária de catalogá-los?

Porque a forma como você organiza seus livros depende da sua necessidade atual. Tenho um amigo que mantém os seus em ordem alfabética de autores, o que é absolutamente estúpido, pois a obra de um historiador francês vai estar em uma estante e a de outro em um lugar diferente. Eu tenho aqui literatura contemporânea separada por ordem alfabética de países. Já a não contemporânea está dividida por séculos e pelo tipo de arte. Mas, às vezes, um determinado livro pode tanto ser considerado por mim como filosófico ou de estética da arte; depende do motivo da minha pesquisa. Assim, reorganizo minha biblioteca segundo meus critérios e somente eu, e não uma secretária, pode fazer isso. Claro que, com um acervo desse tamanho, não é fácil saber onde está cada livro. Meu método facilita, eu tenho boa memória, mas, se algum idiota da família retira alguma obra de um lugar e a coloca em outro, esse livro está perdido para sempre. É melhor comprar outro exemplar (risos).

Um estudioso que também é seu amigo, Marshall Blonsky, escreveu certa vez que existe de um lado Umberto, o famoso romancista, e de outro Eco, professor de semiótica.

E ambos sou eu (risos). Quando escrevo romances, procuro não pensar em minhas pesquisas acadêmicas – por isso, tiro férias. Mesmo assim, leitores e críticos traçam diversas conexões, o que não discuto. Lembro de que, quando escrevia O Pêndulo de Foucault, fiz diversas pesquisas sobre ciência oculta até que, em um determinado momento, elas atingiram tal envergadura que temi uma teorização exagerada no romance. Então, transformei todo o material em um curso sobre ciência oculta, o que foi muito bem-feito.

Por falar em ‘O Pêndulo de Foucault’, comenta-se que o senhor antecipou em muito tempo O Código de Da Vinci, de Dan Brown.

Quem leu meu livro sabe que é verdade. Mas, enquanto são os meus personagens que levam a sério esse ocultismo barato, Dan Brown é quem leva isso a sério e tenta convencer os leitores de que realmente é um assunto a ser considerado. Ou seja, fez uma bela maquiagem. Fomos apresentados neste ano em uma première do Teatro Scala e ele assim se apresentou: “O senhor não me admira, mas eu gosto de seus livros.” Respondi: Não é que eu não goste de você – afinal, eu criei você (risos).

Em seu mais conhecido romance, O Nome da Rosa, há um momento em que se discute se Jesus chegou a sorrir. É possível pensar em senso de humor quando se trata de Deus?

De acordo com Baudelaire, é o Diabo quem tem mais senso de humor (risos). E, se Deus realmente é bem-humorado, é possível entender por que certos homens poderosos agem de determinada maneira. E se ainda a vida é como uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, como Shakespeare apregoa em Macbeth, é preciso ainda mais senso de humor para entender a trajetória da humanidade.

Como foi a exposição no Museu do Louvre, em Paris, da qual o senhor foi curador, no ano passado?

Há quatro anos, o museu reserva um mês para um convidado (Toni Morrison foi escolhida certa vez) organizar o que bem entender. Então, me convidaram e eu respondi que queria fazer algo sobre listas. “Por quê?”, perguntaram. Ora, sempre usei muitas listas em meus romances – até pensei em escrever um ensaio sobre esse hábito. Bem, quando se fala em listas na cultura, normalmente se pensa em literatura. Mas, como se trata de um museu, decidi elaborar uma lista visual e musical, essa sugerida pela direção do Louvre. Assim, tive o privilégio (que não foi oferecido a Dan Brown) de visitar o museu vazio, às terças-feiras, quando está fechado. E pude tocar a bunda da Vênus de Milo (risos) e admirar a Mona Lisa a apenas 20 centímetros de distância.

O senhor esteve duas vezes no Brasil, em 1966 e 1979. Que recordações guarda dessas visitas?

Muitas. A primeira, em São Paulo, onde dei algumas aulas na Faculdade de Arquitetura (da USP), que originaram o livro A Estrutura Ausente. Já na segunda fui acompanhado da família e viajamos de Manaus a Curitiba. Foi maravilhoso. Lembro-me de meu editor na época pedindo para eu ficar para o carnaval e assistir ao desfile das escolas de samba de camarote, o que não pude atender. E também me recordo de imagens fortes, como a da moça que cai em transe em um terreiro (para o qual fui levado por Mario Schenberg) e que reproduzo em O Pêndulo de Foucault.


Amanhecer- Stephenie Meyer – Português do Brasil – Exclusivo!

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Especial PDL de Natal! Uma semana de presentes!

Em Amanhecer, Bella se vê a frente da difícil decisão da escolha fatal entre fazer parte do obscuro, mas sedutor, mundo dos imortais ou seguir uma vida totalmente humana. Escolha essa, que é o marco em Amanhecer e que poderá significar a transformação do destino dos dois clãs: vampiros e lobisomens. Assombroso e de tirar o fôlego, Amanhecer, a aguardada conclusão da saga Crepúsculo, esclarece os mistérios e os segredos desse fascinante épico romântico que tem arrebatado milhões de leitores.

Estar irrevogavelmente apaixonada por um vampiro é tanto uma fantasia como um pesadelo, costurados em uma perigosa realidade para Bella Swan. Empurrada em uma direção por sua intensa paixão por Edward Cullen, e em outra, por sua profunda ligação com o lobisomem Jacob Black, ela resistiu a um tumultuado ano de tentação, perda e conflito, para atingir o momento da decisão final. No momento em que Bella faz sua escolha, uma corrente de acontecimentos sem precedentes se desdobrará, com consequências devastadoras. No momento em que as feridas parecem prontas para ser cicatrizadas, e os desgastantes confrontos da vida de Bella, resolvidos, isso pode significar a destruição. Para todos. Para sempre.

O livro que todo mundo estava esperando, encerra a saga de paixões e perigos de Stephenie Meyer com um desfecho de tirar o fôlego!


Formaturas Infernais reúne principais escritoras de best-sellers dos EUA

SOB O SIGNO DA VENDA
Formaturas infernais reúne as principais escritoras best sellers dos EUA em histórias bem sucedidas que desvelam um outro lado do sonho da formatura.

convites [Resenha] Formaturas Infernais reúne principais escritoras de best sellers dos EUA

O que Meg CabotStephenie Meyer, Kim Harrison, Michelle Jaffe e Lauren Myracle tem em comum além de serem escritoras, mulheres e terem livros best sellers? O intelectualóide ressentido de Paulo Coelho diria que é a produção de literatura de terceira. Ledo engano. A verdade é que essas escritoras, cujas obras estão adaptadas ao mercado editorial, estão reunidas em torno de Formaturas Infernais, coleção de contos da Galera Record, que toca fundo no imaginário em torno da principal festa do período adolescente: a formatura!

Mesmo que sejam autoras que escrevem para adolescentes e com uma linguagem que não consegue fugir ao estereótipo ianque, os contos estão inseridos no que H.P. Lovecraft denominou de literatura fantástica com linguagem de terror, muito mais que suas obras mais famosas.

Dividido em cinco contos, o primeiro, “A Filha do Exterminador”, traz como narrativa central o assassinato de um vampiro. Com um estilinho Buffy, Mary se vê envolvida na necessidade de salvar sua amiga (seduzida por um vampiro gostosão), coordenar seus sentidos e impulsos sexuais por Adam, lidar com o enclausuramento de sua mãe (aqui a metáfora da dona de casa) e as invencionices do pai imerso na tentativa de salvar a amada esposa (outra metáfora paternalista para o homem provedor). Uma história bem sessão da tarde.

Em “O Buquê”, de Lauren Myracle, a narrativa nos impulsiona à tristeza e segue a linha da enunciação do trágico tal como Edgar Alan Poe em “The Monkey’s Paw”, que já foi levada ao cinema, e apregoa a velha máxima do “cuidado com o que você deseja”. No conto seguinte, de Kim Harrison, intitulado “Madison Avery e a Morte”, apresenta a história de uma jovem que encontra a morte durante o baile de formatura. Ela dança com a morte e segue uma perseguição com o desenvolvimento de uma mitologia própria. O final, contudo, deixa bastante a desejar e é impossível não tentar achar alguma pista do final da história na internet.

“Salada Mista”, de Michele Jaffe, contradiz todas as anteriores lançando mão do humor, da tristeza e do mistério. A escritora traz personagens bem construídos e uma protagonista que tem seus conflitos explicados por livros de auto-ajuda. A última história, “Inferno na Terra”, a tão aguardada história de Stephenie Meyer, autora da série Crepúsculo é bem divertida e apresenta a tradicional busca pela felicidade construida em torno da dobradinha bem versus o mal. A rapidez do conto talvez não seja para Meyer que deixa seus leitores ensossados na falta de ineditismo e ponto de vistas mais apurado dos personagens.

Entre a necessidade de diversão e um bom livro, Formaturas Infernais cumpre seu papel enquanto resultado da reunião de escritórias best sellers. Um livro ideal e que promete divertir todos aqueles que vêem com cinismo as tradicionais encurraladas do sonho pueril.

Por Fernando de Albuquerque, Revista O Grito

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