Frases de Drummond
A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do
amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? Perguntará um anjo e,
sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta
à maneira de um livro.
A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram;
equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para
ninguém.
Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e
semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma
palavra será descoberta no dicionário: paz.
O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural
da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios
do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de
conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do
amor.
Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que
passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada
habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.
A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a
existência da noite, como já compreendera a da manhã.
O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o
que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade
inclusive.
E será Natal para sempre.
Ah! Seria ótimo se os sonhos do poeta se transformassem em realidade.
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