Segundo a opinião do Sr. Mauro Aranha, vice-presidente do Cremesp e também presidente do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas (Coned-SP), a operação policial de combate ao uso e tráfico do crack, desencadeada pelo governo estadual na Cracolândia (zona central da capital paulista) no início desse ano, desarticulou as ações de saúde e assistência social na região com a dispersão dos dependentes para outros bairros de São Paulo. Ele afirma ainda, que a atuação das equipes de saúde da Prefeitura, que buscam se aproximar dos usuários para convencê-los a se tratar, ficou comprometida com a ação policial. Com a dispersão dos usuários, é provável que os agentes tenham perdido o acesso àqueles com quem estabeleceram contato nos últimos anos.
Os usuários passaram a se aglomerar e se arriscam, por exemplo, perto dos trilhos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), na Barra Funda; nas ruas dos bairros da Luz, Santa Cecília e Liberdade; ou ainda migram para outras regiões de São Paulo, como a zona sul, se refugiando para consumir a droga sob os viadutos da avenida 23 de Maio e vias do Brooklin, formando "minicracolândias" pela cidade.
Eu concordo plenamente com o Sr. Mauro Aranha e acho que a operação foi feita sem nenhum planejamento estrutural e social, apesar da Prefeitura prometer expandir o atendimento a usuários após ação policial na Cracolândia, eu acho que o trabalho já realizado pelos agentes foi "perdido" e demorará a ser recuperado.
Com a dispersão dos usuários, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) promete expandir a área de atuação dos agentes comunitários do Programa Saúde nas Ruas, incluindo mais Assistência Médica Ambulatorial (AMAs) na rede de referência com profissionais orientados para dar o acolhimento/atendimento adequado à população em situação de vulnerabilidade. Cada uma dessas AMAs tem Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) referenciados na região.
Eu, sinceramente, não vi uma ação organizada e achei a mesma "falha" pelo fato da estrutura de "enfrentamento ao crack" não estar planejada e montada para evitar a dispersão e a falta de atendimento aos usuários. Sem mencionar, a questão da falta segurança sentida pela população nas ruas, com os usuários da droga tentando fugir, se esconder da polícia e migrando para outras ruas e bairros da cidade.
Na minha opinião, esses AMAs, não conseguirão oferecer o atendimento adequado, pois canso de ver matérias falando sobre a falta de médicos para atendimento da população, sobre a demora para conseguir atendimento e sobre a dificuldade na continuidade do tratamento nas unidades. Se isso ocorre com um paciente normal, imagine como será o atendimento aos usuários de álcool, drogas e mais precisamente do crack.
É para se pensar!!!
Fonte de pesquisa: Jornal do Cremesp - março/2012
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