James Cimino, no UOL
Cansada do uso vulgar de suas citações
literárias nas redes sociais, quem apareceu no Carnaval de Olinda foi a
escritora Clarice Lispector. Homenageada e satirizada pelo bloco Cansei de Ser
Profunda, dizem seus integrantes que a agremiação surgiu de um depoimento de
Clarice em seu leito de morte.
E como no Carnaval o que vale mais é a
versão e menos o fato, uma das folionas, que se diz sobrinha de segundo grau de
Clarice, explica o nascimento do bloco.
“É uma história muito longa. Mas aconteceu
na casa onde Clarice passou sua infância, na praça Maciel Pinheiro. Ela, já
cansada, volta ao Recife. Ao se deparar com a degradação da praça, reuniu a
família toda, em seu leito de morte, me chamou ao pé do ouvido e disse: ‘Cansei
de ser profunda’. E ali mesmo expirou e morreu”, conta a suposta sobrinha
Eunice “Lispector”.
Outro rapaz, que segurava o estandarte do
bloco, continuou a história: “Vadinho”, 24 anos, disse que escolheu seu nome em
referência ao personagem do livro “Dona Flor e seus dois Maridos” e que
resolveu trazer Clarice para a folia para que ela visse que ainda tem coisa boa
no mundo.
O nome do bloco gerou confusão na cabeça de
uma moça igualmente confusa (ou avariada, usando a gíria local) que pulava o
Carnaval nas ladeiras do Centro Histórico de Olinda. “Ela passou, leu o nome do
bloco na camiseta e disse: ‘Também me cansei de ser professora. Agora quero é
ser rapariga!”
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