Por aqueles que me quiseram transmitir algo,
E que não fui capaz de os escutar.
Também por aqueles a quem muitas vezes,
Maltratei por incapacidade de amar.
Por aquele mendigo a quem muitas vezes,
Uma esmola fui obrigado a negar.
E por aquele cego-aleijado,
A quem gostaria de poder fazer ver e andar.
Por aquele faminto e sedento,
Cuja fome e sede não posso saciar.
E por aquele enfermo carente,
A quem com remédio e carinho gostaria de tratar.
Também por aquele a quem com um simples gesto
Poderia cativar.
E por aquele surdo-mudo,
A quem gostaria de num simples passe da mágica
Fazer ouvir e falar.
Pelos jovens conturbados que não vêem motivo algum
Pra viver, a não ser se suicidar.
E me sinto mais dolorido ainda,
Por não poder estar lá para evitar.
Por aqueles que dormem na rua,
Por não terem um teto pra morar.
E por aqueles que tudo possuem,
Mais que não sentiram ainda a sede de amar.
Por aqueles que ainda não aprenderam a sorrir,
Pois, só sabem chorar.
E por aqueles insensíveis,
Onde a sensibilidade não pôde ainda penetrar.
Por aquele desconhecido-carente,
De quem gostaria de estar sempre perto pra poder cativar.
E por aquele inimigo ausente,
A quem minha amizade gostaria de entregar.
Também por aquele que se resfria e se molha,
Por não ter onde se agasalhar.
E por aquele amigo ausente a quem gostaria de apalpar.
Também por aqueles que não viveram,
Pois, deixaram o tempo passar.
E por aqueles que por sua correria e pressa
A vida não pode sequer alcançar.
Sinto dor, principalmente,
Por todos os corações insensíveis
Onde o amor e a sensibilidade não puderam ainda penetrar.
Que você também se sensibilize,
Com tanta dor e tanta dependência no ar.
Que faça pelo menos sua parte, pois, tenho certeza,
Com isso: haverá um a menos a chorar.
“Que vós, mestre, os ilumine os corações.
Para que eles possam se sentirem mais humanos
E menos cães.
Que vós, mestre, os ilumine e também os ensine a amar.
Para que eles se sintam mais pacíficos,
Para poderem a paz pregar”.
Pois, só assim, mestre, passarei a sentir menos dor.
Porque saberei que em cada coração,
Haverá um pouco mais de amor.
E, alguém, também carente a quem eu possa cativar.
Donizete Alves
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