MF: O senhor contou, no início da
entrevista, que desde cedo devorava livros. Hoje, com a internet, existe a
possibilidade de a literatura perder a importância?
JM: Eu tenho através de netos e alguns
bisnetos, contato com a infância e a mocidade, constatando muito interesse por
leitura, também. Não só pelo desenvolvimento tecnológico. Agora,
tem que existir um exemplo em casa de leitura, para estimular as crianças. Não
há regras para isso.
MF: Muita gente alega que não tem tempo
para a literatura…
JM: Quem afirma não ter tempo, na
realidade não procurou ler. É muito mais fácil não ler e afirmar que
não teve tempo. Mas essas pessoas não sabem o que estão perdendo,
porque a leitura é uma fonte de prazer permanente.
MF: O livro no Brasil é muito caro. Isso
é um fator desestimulante?
JM: Ele é caro, custa muito dinheiro
para uma grande maioria da população. É caro para produzir e para
distribuir. Não existe exploração de um modo geral na
questão da venda de livros. Agora, a solução seria abrir mais
bibliotecas públicas, porque ler não devia depender de possuir um livro. Nos
Estados Unidos, um país altamente desenvolvido, as bibliotecas são em grande
quantidade e uma biblioteca particular não é regra. Uma boa
biblioteca particular é exceção, em qualquer cidadezinha há uma boa biblioteca
pública. Nós estamos longe disso, mas eu acho que é esse o objetivo,
que tem que ser procurado alcançar.
MF: O governo poderia ter a iniciativa
de incentivar a leitura, reduzindo impostos das editoras, das gráficas?
JM: A impressão dos livros tem uma
série de sanções. Eu não conheço isso em detalhes, mas acho que há
um incentivo. Agora o grande incentivo é a formação de bibliotecas
com bons bibliotecários que orientem os leitores, que mostrem o que há de
interessante nos livros. Tudo é uma questão de formação de um hábito que
preencha a biblioteca que, aliás, deveria existir também de modo generalizado
nas escolas.
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